Onça d}Água no Cerrado

Um ideal de conservação no Tocantins

1 de abril de 2004

Beatriz Gonçalves: o Tocantins é um ?pequeno Brasil? pela diversidade e pela grandiosidade de seus ambientes naturais

 


 






Beatriz Gonçalves: é grande a satisfação do grupo diante da possibilidade de dar uma
contribuição efetiva em defesa da natureza. Esse é o marco
maior deste desafio


E o balanço é favorável ao meio ambiente. Até o momento já foram criadas e encontram-se em fase de implementação sete unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável (corresponde a categorias que permitem o uso direto sustentável dos recursos naturais) e outras quatro do grupo de Proteção Integral (corresponde a categorias que permitem apenas o uso indireto dos recursos naturais). Isso abrange, respectivamente, 7,89% e 1,04% da área estadual.


Existem ainda onze (UCs) Unidades de Conservação planejadas, com categorias ainda não definidas. Algumas destas unidades estão incluídas em um plano estadual de desenvolvimento de pólos de ecoturismo. Já as UCs criadas pelo governo federal em território tocantinense somam dez. Sete são de Uso Sustentável e três são de Proteção Integral.


?Somadas estas áreas? – diz a bióloga Beatriz Gonçalves – ?podemos constatar que o Tocantins fez uma poupança de grande valor ambiental e, conseqüentemente, também de grande valor econômico e social. Haja vista que nestas unidades o Cerrado apresenta-se em suas mais diversas formas, com alto grau de diversidade de fauna e flora, endemismos e ocorrência de várias espécies em risco de extinção”.


E continua a diretora executiva da Associação Onça d}Água: ?Diante de tantas potencialidades, percebemos um quadro de extrema carência de ações e resultados que possam lapidar essa riqueza objetivando uma conversão desse patrimônio em melhoria na qualidade de vida da sociedade tocantinense?.


Tarefa difícil


Angélica Beatriz explica que criar unidades de conservação para garantir a proteção da biodiversidade é uma estratégia adotada mundialmente, mas não tem sido das tarefas mais fáceis. “No Brasil sabemos que o grande problema das unidades de conservação é de ordem estrutural. Elas são criadas com louvor, mas são atiradas à própria sorte. São poucos os investimentos para sua implementação e manutenção” reclama Beatriz.


No Brasil, e também no Tocantins, as dificuldades passam sempre pela fragilidade das políticas institucionais de gestão de UCs, que é também característica de um quadro de recursos humanos com incipiente capacitação no setor.


Alguns entraves


A implantação de unidades de conservação enfrenta inúmeros entraves e de modo geral os que mais se destacam são:



? A dependência de vontade política para criar e viabilizar fundos para regularização fundiária e manejo;
? O número insuficiente de profissionais com qualificação técnica específica na estrutura organizacional dos organismos gestores;
? A falta de domínio em práticas comunitárias participativas capazes de integrar a sociedade e dividir responsabilidades durante os processos de planejamento e gestão.


Onça d}Água


Todo esse quadro socioambiental foi levantado pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do Estado. E foi diante deste quadro – explica Beatriz – que nasceu a ONG Onça d}Água, ?justamente de olho nestas potencialidades e dificuldades, mas com o pensamento otimista de ver continuada a preservação e a boa utilização dos recursos naturais do Tocantins?. Relata a líder da Onça d}Água, que há um ano um grupo de profissionais amadureceu uma antiga idéia que resultou na criação da associação de apoio à gestão e ao manejo das Unidades de Conservação do Estado, com o objetivo de fornecer subsídios técnicos que tornem viáveis tanto no âmbito econômico quanto social as atividades humanas nas UCs.


O grupo é composto por profissionais de diferentes formações e experiências diversas em conservação ambiental que dedicam parte de seu tempo para a causa ambiental como voluntários. No primeiro ano de existência a associação tratou de organizar e consolidar sua estrutura administrativa e aprovou um plano de ações cuja meta principal baseou-se na difusão de informações sobre temas ambientais com enfoque especial às unidades de conservação, sua importância, objetivos e contexto estadual. Também neste primeiro ano a associação obteve o título de Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.


Para o ano de 2004, o trabalho da Onça D’água vai estar concentrado na busca de credibilidade e parcerias para implantação de pequenos projetos envolvendo ações educativas e de sensibilização direcionadas à proteção e estímulo à não comercialização de animais silvestres. E mais: para a orientação e capacitação da prática do ecoturismo e da produção sustentável junto aos moradores da zona rural no entorno das Unidades de Conservação.


Por que Onça d}Água


A ?inspiração? para a escolha do nome da Associação foram as ariranhas (Pteronura brasiliensis), uma espécie de origem sul americana, ativa e alegre, ameaçada de extinção, e que encontrou nos ambientes do Parque Estadual do Cantão um refúgio ideal para sua sobrevivência. Onça D’água é o nome utilizado por indígenas para denominar as ariranhas, cuja imagem elegemos como símbolo de conservação.


Associação Onça D’água
[email protected]
Fax: (63) 216.1095 Palmas / TO