Gestão no uso da água

Hidrômetro individual em prédios

26 de agosto de 2004

Cada morador vai pagar o que consome, incentivando assim o uso racional da água e diminuindo muito o desperdício


Para o secretário da Agência de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura do GDF, Tadeu Filippelli, o projeto – além de preservar a água do DF – vai fazer muito bem ao bolso dos consumidores. “Chamo isso de justiça distributiva. Não está certo alguém pagar por um gasto que não gera”, comenta o secretário, que acredita que o projeto não terá dificuldades para ser aprovado até o fim do ano.
Para Jerson Kelman, presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), o projeto ganha em importância na medida em que preserva um bem indispensável ao ser humano. “Hoje, sabemos que a água é um bem finito e que é preciso mais racionalidade nesse uso. Não adianta aumentar a oferta. É preciso evitar o desperdício”, ensina. “Ao se pagar o que se consome, as pessoas são levadas a economizar, a racionalizar o uso da água, a não desperdiçar”, conclui Kelman com razão. Na verdade, é injusto uma aposentado que mora sozinho num apartamento dividir a conta de água com outro apartamento onde moram cinco, seis pessoas que usam a água até para lavar seus carros.
Na redação do projeto enviado à Câmara Legislativa, o governador criticou a atual cobrança: “O sistema de medição global de água nos edifícios fere consideravelmente o direito do cidadão enquanto consumidor, na medida em que este paga sua conta independentemente de seu consumo”.
Fernado Leite, presidente da Companhia de Saneamento do DF-Caesb, grande incentivador da idéia, explica que a instalação do equipamento custará menos de R$1 mil por apartamento, “o que é compensado na economia de mais de 20%, todo mês”.
No Recife, três mil apartamentos já possuem hidrômetros individuais. De acordo com o gerente comercial da Sapel (que fabrica esses medidores), Adalberto Cavalcanti, 90% das instalações foram feitas em prédios antigos, sem quebradeiras. “Fizemos incisões cirúrgicas nas paredes e, ao fim, todos os condôminos ficaram muito satisfeitos”, garante. Para modificar a estrutura hidráulica dos prédios antigos de Brasília, Cavalcanti acredita que o gasto ficaria entre R$ 250 e R$ 500 por apartamento.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura-Crea-DF, Alberto de Faria, prevê uma certa resistência por parte dos engenheiros à nova lei. “Eles terão de projetar novos encanamentos e isso dá trabalho. Mas, acho que a causa vale o sacrifício, pois o benefício alcançado é grande”.


Primeiro prédio no DF
Antes mesmo de ser aprovada a nova lei que vai regulamentar os hidrômetros individuais de cada edifício, a construtora RV já projetou o primeiro prédio com hidrômetro para cada unidade de apartamento. Segundo o presidente da RV, Marcelo Ribeiro, “esse é um diferencial que já oferecemos a cada um dos 38 potenciais moradores?.
Marcelo Ribeiro se reuniu com o presidente da Caesb, Fernando Leite, e os técnicos da autarquia estão orientando e acompanhando esse projeto pioneiro para que ele sirva, inclusive, de exemplo para outros projetos.
O prédio que vai trazer o hidrômetro individual será construído na SQN 310, projeção 5 e será batizado com o nome da artista plástica mineira  Yara Tupinambá.
Segundo o construtor Marcelo Ribeiro, como a inovação já está na planta original praticamente não haverá custo adicional para o comprador do apartamento, mas se fosse fazer as contas isso significaria algo muito pequeno. Apenas o custo das tubulações e do próprio hidrômetro.