Folha do Meio Ambiente

Explicando melhor: para o Sul Maravilha o Dia da Árvore é 21 de setembro, quando escolas, prefeituras e governos promovem uma série de manifestações culturais e plantios para homenageá-las. Acontece que essa confusão de datas foi instalada há 39 anos, quando a questão foi decidida por um decreto-lei. Pouca gente sabe, mas pelo decreto-lei 55.795, de 24/02/1965, sancionado pelo presidente Castelo Branco, ficou definido que na região Norte e Nordeste o Dia da Árvore seria comemorado em outra data. Motivo: razões climáticas. Por não ser período de chuva, os plantios comemorativos não vingavam. Assim, oficialmente, no Norte Nordeste o Dia da Árvore deve ser comemorado na última semana de março, quando se iniciam as chuvas.
A mídia e os livros didáticos contribuem para piorar essa situação. Como a mídia mais forte é a do Centro Sul, ela acaba vendendo a data de 21 de setembro para o Brasil inteiro. Assim, a polêmica continua. Há cinco anos, técnicos do Ibama entraram em contato com as secretarias estaduais de educação visando desfazer o erro. Liliane Lira, do Ibama do Rio Grande do Norte, acredita que as mudanças nos livros didáticos serão um grande passo para facilitar a conscientização da garotada. “Fica difícil lutar contra a mídia e os livros. Às vezes, a gente passa como mentirosa”, conta ela.
Mesmo com todos os obstáculos, celebrar a árvore no dia certo é uma das metas de ambientalistas da região. Hoje, o trabalho é realizado não só com professores e alunos, como também com os veículos locais de comunicação de massa. E não se trata de um capricho estabelecer datas diferentes para o Sul e o Norte. O fato, segundo Liliane, tem uma explicação óbvia que remonta de tempos imemoriais. “A árvore sempre foi cultuada, ou no período das chuvas ou quando se preparava a terra para semear. Seria ilógico manter o 21 de setembro como dia oficial da árvore no Norte e Nordeste, época de seca, quando a umidade relativa do ar e o índice pluviométrico caem vertiginosamente”, explica a técnica.
O trabalho não fica restrito à “Festa Anual da Árvore”, como é denominada a última semana de março. Neste período se comemora plantando árvores típicas como sucupira, oiticica, cajueiro, timbaúba, entre outras. Em setembro, quando professores costumam ceder à pressão exercida pela mídia nacional e planejam uma segunda comemoração, o Ibama também intervêm para evitar a confusão na cabeça dos alunos. “Nada contra a se comemorar duas vezes. Mas as árvores plantadas no 21 de setembro têm poucas chances de vingar devido ao clima árido nessa época”, lembram os técnicos.

SAIBA MAIS

Histórico – origem do Dia da Árvore
A primeira vez que um governo decidiu oficializar o Dia da Árvore foi em Nebrasca, nos Estados Unidos. A partir daí muitos países copiaram a iniciativa. O Brasil usou a idéia mas instituiu outra data. Escolheu o dia 21 de setembro (em vez do 22 de abril) para celebrar o Dia da árvore, em função da primavera. O 22 de abril, data escolhida para celebrar a árvore nos EUA, coincide com o aniversário de J. Morton, em reconhecimento ao seu feito de convencer os moradores de Nebrasca a mudar a paisagem do estado, plantando árvores.
Em 1965, pelo decreto-lei 55.795 de 24/02/65, ficou instituída a Festa Anual da Árvore, em março, para a região Norte e Nordeste, por razões climáticas e físico-geográficas.