Animais em extinção

Rede Mundial de Áreas Protegidas deixa

21 de outubro de 2004

Estudo define espécies-lacuna que precisam ser protegidas

 Foto: Anfíbio – Mantella cowanii – endêmico de Madagascar


Espécies-lacunas são espécies da fauna que não são cobertas por áreas protegidas. Das 804 espécies ameaçadas, 6% encontram-se no Brasil. Segundo os cientistas há pelo menos 300 espécies criticamente ameaçadas, 237 ameaçadas e 267 vulneráveis – entre aves, mamíferos, anfíbios e tartarugas – que estão descobertas pelo sistema mundial de áreas protegidas. O estudo sobre a efetividade das Unidades de Conservação foi liderado pelo Centro de Ciências Aplicadas à


Foto: Papagaio de ouvido amarelo – Ognorhynchus icterotis – encontrado nos Andes Colombianos


Biodiversidade (CABS) da Ong Conservation International (CI). “Proteger mais de 10% da superfície do planeta é uma grande conquista para a conservação”, afirma Gustavo Fonseca, vice presidente executivo para ciência da CI e professor de zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais, que também é co-autor do estudo. “Mas esta análise prova que, não importa quão atrativo politicamente seja um alvo em porcentagem, o que a conservação deveria realmente privilegiar são aqueles lugares com grandes concentrações de espécies ameaçadas e endêmicas”. Para tanto os pesquisadores selecionaram áreas críticas e propuseram a essas áreas um mapa com as 100.000 unidades de conservação existentes no mundo. Com isso foram identificados os lugares onde as espécies vivem sem nenhum tipo de proteção e foram analisadas as lacunas mais expressivas. A seguir os resultados desta pesquisa: MAMÍFEROS: Foram analisadas 4.735 espécies, onde 258 são consideradas “Espécies-Lacuna”. Isto significa que elas estão totalmente desprotegidas nas áreas onde ocorrem. Destas, 149 estão ameaçadas. Entre as espécies de mamíferos criticamente ameaçados pode-se incluir um dos mais raros morcegos frugívoros, o morcego raposa voadora (Pteropus livingstonii), das ilhas Comoros, no oceano Indico, e também o roedor Marmosa handleyi, da Colômbia.


Foto: Eutrichomyias rowleyi, endêmico da Ilha Sangihe, Indonésia


ANFÍBIOS: Das 5.454 espécies analisadas, 913 estão como “Espécies-Lacuna” e dessas, 411 estão ameaçadas. Algumas espécies do gênero Mantella, um grupo de anuros endêmicos da Madagascar, como Mantella harlequin (Mantella cowanii) e o Mantella de ouvidos negros (Mantella milotympanum) estão criticamente ameaçados. AVES: Das 1.171 espécies ameaçadas, 232 são “Espécies-Lacuna”. A população do papagaio de ouvido amarelo (Ognorhynchus icterotis) está redizida a 150 indivíduos. E só é encontrado nos Andes Colombianos. Apenas com 100 indivíduos há o Eutrichomyias rowleyi, endêmico da Ilha Sangihe, Indonésia. TATARUGAS E CÁGADOS: Foram encontradas 273 espécies ameaçadas, sendo que 21 são “Espécies-Lacuna”. A pequena Quelonia mccordi, descoberta em 1994 na Ilha Roti, encontra-se seriamente ameaçada por sua caça indiscriminada para fins de estimação. Já o cágado Geochelone platynota, de Myanmar, tem devastado para fins comerciais de medicamentos, comida e comércio de estimação na Ásia. “Este estudo é apenas a ponta de um Iceberg”, diz Ana Rodrigues, pesquisadora associada ao CABS – Center for Applied Biodiversity Science – da CI. A principal missão da CABS é fortalecer a capacidade da Conservation International para identificar e responder o que ameaça a diversidade biológica na Terra. A Birdlife International, Ong internacional que se dedica a preservação das espécies de aves, diz que, ao contrário das freqüentes recomendações, os atuais níveis de proteção não deveriam ser usados como um guia significante para futuras alocações de áreas protegidas. Em outras palavras, a expansão da cadeia global de áreas protegidas deve avaliar a distribuição desigual da biodiversidade e não fiar-se apenas nas taxas percentuais gerais formadas largamente por políticos e suas prováveis considerações. A IUNC – International Union for Conservation of Nature – adotou o novo sistema de lista vermelha de animais ameaçados de extinção em 1994. A necessidade de revisar as categorias de espécies ameaçadas foi reconhecida em 1989, com um pedido a SSC – Species Survival Comission – para as espécies sobreviventes. O objetivo da lista vermelha da IUNC é de ser um facilitador e aumentar o entendimento do sistema de classificação das espécies e seu alto risco de extinção global. O sistema busca melhorar a estrutura para a classificação das espécies de acordo com seu risco de extinção. A IUNC é uma das poucas organizações internacionais onde sociedades governamentais e não governamentais atuam integradas em programas e operações amplamente descentralizados, expandindo assim uma cadeia de escritórios regionais em todo o mundo, provendo-os de informações e conhecimentos técnicos baseados nas últimas descobertas da ciência. Mais informações: www.biodiversityscience.org www.birdlife.org www.conservation.org