Recado do Cheida

10 de dezembro de 2004

?O mundo tem o suficiente para todos, mas não para ganância de todos?


Menos cobra, menos safra!
A mulher do fazendeiro odiava cobras. Um dia, suplicou ao marido que desse um fim às
peçonhentas. Não querendo contrariá-la, ele determinou o extermínio e todo e qualquer vestígio de ofídios na fazenda.
A colheita seguinte, não rendeu um décimo da anterior. Em sonho, desesperado, ele suplicou a Deus que o perdoasse. Imaginava que aquela miséria de safra era o divino castigo por ter dado fim aos animais. Também em sonho, o Criador respondia:
– “Não o castiguei, nem perdoei. Só deixei a natureza seguir seu curso”.
Ora, o curso natural das coisas é simples: cobras engolem sapos. Sem elas, a população de sapos aumenta. E, sapos, engolem insetos. Assim, quanto mais sapos, menos insetos. Mas, diversos insetos são polinizadores e, sem eles, há plantas que não se reproduzem.
Moral: menos cobra, menos safra! Assim funciona o mundo natural.
 
que tem a ver cobra com safra?
Tudo! Em verdade, tudo tem a ver com tudo. Porém, a humanidade não pensa assim. Primeiro, imagina que a natureza é infinita e de recursos inesgotáveis. Segundo, pensa que existem espécies úteis e outras, inúteis. Terceiro, entre as espécies úteis, a espécie humana é mais útil que as outras.


o progresso e a paz
O século XX foi saudado como a era em que a tecnologia e o progresso industrial seriam capazes de satisfazer as necessidades materiais, restabelecer a paz social, reduzir as desigualdades.


milhões de carros
Nos últimos 50 anos, a produção mundial de grãos triplicou, a quantidade de terras irrigadas duplicou, os automóveis ultrapassaram os 500 milhões.


as riquezas quintuplicaram
O mesmo aconteceu aos televisores, geladeiras, chuveiros elétricos, lavadoras, secadoras,
computadores, celulares, microondas, fax, videocassetes, CDs, parabólicas, isopor, descartáveis, transgênicos e outras invenções. Em 50 anos, as riquezas produzidas quintuplicaram.


mas, o planeta perdeu
Contudo, nos últimos 50 anos, o mundo perdeu 20% de suas terras férteis e 20% de suas florestas tropicais e milhares de espécies sequer conhecidas. O nível de gás carbônico aumentou 13%, destruíu-se 3% da camada de ozônio, toneladas de materiais radioativos foram despejadas na atmosfera e solos, os desertos aumentaram, rios e lagos morreram por causa da chuva ácida ou de esgotos domésticos e industriais.


bonito e feio
A tecnologia nos dá a falsa impressão de que estamos no controle. Por isso, é bonito ser moderno; feio é ser natural.


mais bens, menos contém
Maravilha-nos esse progresso todo. Mas, as gerações futuras talvez lamentem o quanto se destruiu para isso. Enquanto hoje o ser humano tem mais bens, é mais pobre em recursos naturais.


nunca é tarde…
O norte-americano Edward Lewis é quem nos ensina: “talvez, no futuro, nossa espécie seja lembrada menos pelo que construiu e mais pelo que deixou de destruir”.
Sábias palavras.