Gente do Meio

Dorothy Stang

14 de fevereiro de 2005

A luta do tamanho da Amazônia






Dorothy Stang, ao centro


O trabalho de missionários na Amazônia deixa muita gente desconfiada. Na verdade, como tudo na vida, tem aqueles que trabalham para o bem, como os que trabalham para o mal. No caso da missionária Dorothy Stang, que tem 35 dos seus 74 anos dedicados ao Brasil, é um trabalho que rompeu a barreira na Vila de Sucupira, município de Anapu, região da Transamazônica, 500 km a sudoeste de Belém, para encontrar os céus. Desde 1972, unida às mulheres e agricultores da comunidade Sucupira, a religiosa Stang desenvolve projetos sustentáveis para geração de emprego e renda com a construção de uma indústria de beneficiamento de frutas, duas mini-hidrelétrica de 500KW e projeto de reflorestamento em áreas degradadas. 


Os benefícios dessa sustentabilidade alcançam mais de mil famílias abandonadas pelo governo no coração da floresta amazônica. “Como os custos dos projetos atingem R$ 300 mil, pedimos ajuda ao consulado japonês no Pará e tivemos apoio da Holanda e de um projeto da Califórnia e até de Brasília”, diz ela. Para o maquinário da indústria de frutas faltam R$ 75 mil.


No projeto de reflorestamento, os agricultores em Anapu estão sendo beneficiados com o Subprograma de Projetos Demonstrativos da Amazônia (PD/A). A ação prevê o consórcio de espécies frutíferas e madeireiras com o plantio de espécies ameaçadas de extinção como castanheira, mogno, cedro, jatobá e andiroba. A indústria de frutas aproveitará espécies já plantadas e o reflorestamento criará novas áreas de plantio. 


A transformação das frutas em polpa terá frigorífico com 25 toneladas para o beneficiamento de culturas como banana, açaí, cupuaçu, graviola, bacuri. A idéia no futuro é o beneficiamento de laticínios. É uma luta para usar a floresta e explorar os recursos naturais para produzir e sobreviver, com dignidade e cidadania”, desabafa Dorothy.