Água, fonte da vida
21 de março de 2005O rato-canguru é um pequeno mamífero que vive no deserto e passa a vida inteira sem tomar uma gota d’água sequer. Logo, imagina-se que a água não é necessária para a sobrevivência deste minúsculo roedor. Ledo engano: para o rato-canguru, a água é tão indispensável quanto para você ou para mim. Por isso, como num… Ver artigo
O rato-canguru é um pequeno mamífero que vive no deserto e passa a vida inteira sem tomar uma gota d’água sequer. Logo, imagina-se que a água não é necessária para a sobrevivência deste minúsculo roedor. Ledo engano: para o rato-canguru, a água é tão indispensável quanto para você ou para mim. Por isso, como num passe de mágica, ele a extrai de sementes ricas em lipídeos, que ingere. Podemos dizer que ele fabrica a própria água, ao quebrar as moléculas de lipídeos, através de seu inusitado metabolismo. Entretanto, numa observação mais atenta, podemos concluir que a planta de cuja semente ele se alimenta também não vive sem água. Dessa forma, embora o rato-canguru passe a vida sem beber, ele “bebe” a semente que bebeu do solo. Então, até este pequenino vivente que por aparência, despreza a água, não suportaria viver sem ela um dia sequer! Assim, somos todos, os que vivemos neste planeta. Sem a água, não haveria nele nenhuma forma de vida das que hoje conhecemos.
Sendo o 22 de março, Dia Mundial da Água, é bom refletir um pouco sobre esta que pode ser tida, sem exageros, como a fonte de toda a nossa vida.
Pode acabar
A água é um bem finito e esgotável. Portanto, enquanto a água própria para a vida pode tornar-se escassa ou até acabar. Como? Torna-se escassa quando a vegetação de uma nascente ou das margens de um rio é retirada por completo. Isso faz com que os lençóis subterrâneos fujam para camadas mais profundas do solo, tornando-se quase inacessíveis. Quando? Quando a poluição é tamanha que a despoluição torna-se impraticável. Há poluentes que comprometem irreversivelmente a potabilidade da água. Por quê? As cidades abrigam 65% da população mundial. Os dejetos de tanta gente amontoada, quase sempre acabam dentro dos rios. São o esgoto das casas, dos hospitais, das indústrias e o lixo das ruas lavadas pelas chuvas.
Ação combinada
No campo, onde vivem os 35% da população, escassez e poluição agem de forma combinada. A primeira, em razão do desmate. A segunda, pelo uso dos agrotóxicos que, também pela chuva e pelo vento, vão parar dentro dos rios.
Perde-se duas vezes
Com o desmate, o solo nu fica à mercê da chuva e do vento. A cada ano, com a erosão, o mundo perde 75 bilhões de toneladas de terra para dentro de lagos, rios e oceanos. Então, perde duas vezes: as águas alteram-se em qualidade e o solo perde em fertilidade.
Água poluída, doença quase certa
As águas poluídas são um eficiente veículo de disseminação de doenças. No Brasil, de cada 10 episódios de doenças, 7 estão relacionadas com a água.
Investimento zero
Dados oficiais, de 2002, assinalam que nosso país investiu 0,02% do orçamento federal em saneamento básico (água e esgoto). Ou seja, nada.
Quem lucra
Quanto mais escassa a água, maior as vendas da água engarrafada. Hoje, um litro de água mineral custa mais que um litro de gasolina. A escassez é ruim para uns e estupidamente boa para outros.
Última fronteira da privatização
Não é à toa que o emergente mercado de privatização das companhias estatais de água e esgoto está em plena ascensão. Indiscutivelmente, será um dos mercados mais rentáveis nos próximos anos.
Um bem público
A água como um bem público, fora do comércio, é a bandeira dos que pretendem um ambiente saudável e de oportunidades iguais para todos.
Com vara curta
Não há dúvidas de que, também em matéria de água, estamos cutucando a onça com vara curta. E, todo mundo sabe que quando se trata de ambiente, é bom a gente não brincar com coisa séria.
O piloto sumiu!
Como diz o arquiteto americano Buckminster Fuller: “o fato mais importante a respeito da espaçonave Terra: ela não vem com manual de instruções”. Sábias palavras…