Paraíba e Pernambuco Rodando limpo

Nordeste começa reciclar pneu usado

21 de março de 2005

Programa usa exemplo do Paraná que recolheu 8 milhões de pneus velhos e praticamente acabou com a dengue


Para o empresário Francisco Simeão, criador do “Paraná Rodando Limpo” e que agora está ajudando a transferir o programa para o Nordeste, cada cidadão tem que dar sua parcela de contribuição e tem que entender que o País é o conjunto da sociedade. “Ou então vamos viver a geração do desespero em que a criminalidade vai obrigar-nos a mandar sempre os nossos filhos e netos para o Canadá”.
O lançamento do programa em João Pessoa foi resultado de uma outra parceria empresarial formada pela BS Colway, que levou a experiência adquirida no Paraná, e a fábrica de cimento Cimepar, da Cimpor – Cimentos de Portugal, que já possui o padrão de gestão ambiental do ISO 14000.
Segundo o presidente da Cimpor, Alexandre Lencastre, o projeto “é uma oportunidade de dar emprego, de elevar a renda, de reusar matéria prima poluidora e de trabalhar na promoção de saúde, pois vamos repetir aqui na Paraíba e em Pernambuco, inicialmente, o sucesso conseguido no Paraná diminuindo vertiginosamente os casos de dengue”. 


O governador Cássio Cunha Lima destacou a importância do programa para o meio ambiente e para a economia da Paraíba e do Nordeste na presença de governadores, empresários e do diretor do Ibama, Erasmo Lucena 


Como a indústria de cimento recicla os pneus usados


O co-processamento de pneus, explica Francisco Leme, diretor da Eco-Processa, “é uma técnica usada para destruir passivos ambientais de maneira ambientalmente responsável e definitiva. Além de economizar fontes de energia não renováveis, usa matéria prima para novos produtos. Para a fabricação do clínquer [material calcinado que moído junto com gesso e adições resulta no cimento] os fornos trabalham em temperaturas extremamente elevadas [até 2 mil graus C]. Nesta temperatura qualquer material será termicamente destruído. A parte orgânica irá gerar calor, enquanto que a parte inorgânica mistura-se com o material calcinado, no interior do forno, incorporando-se ao processo de fabricação de clínquer que vai produzir o cimento. “Desta forma, converte-se em energia e matéria prima um resíduo que, de outra forma, ficaria descartado na natureza”, conclui Francisco Leme.
Há outra informação importante: em abril, a iniciativa deve conquistar o Rio de Janeiro, por meio de uma parceria com a empresa Eco-Processa – Tratamento de Resíduos. Esta empresa foi criada no Brasil numa junção de dois grupos cimenteiros mundiais: a própria Cimpor e o grupo francês Lafarge.
Segundo Francisco Leme, diretor do Eco-Processa, o grupo representa mais de 80 países que processam quase 6 milhões de toneladas de resíduos. São 10 fábricas de co-processamento no Brasil.
No encerramento da solenidade, em João Pessoa, o governador Cássio Cunha Lima destacou três aspectos do programa “Nordeste Rodando Limpo”: primeiro os benefícios ambientais e de saúde pública; a geração de emprego e renda; em terceiro lugar, os ganhos econômicos para as empresas envolvidas e para o próprio estado.