Amazonas lança selo verde de manejo florestal
21 de março de 2005Eduardo Braga: a certificação FSC é o coroamento de um trabalho iniciado há 5 anos, no sentido de legalizar e ordenar a exploração de madeira
Fotos: Governador Eduardo Braga: “O selo verde vai garantir qualidade do produto e melhor renda para a comunidade”
Todo esse trabalho é fruto de uma ação integrada entre várias entidades: a ONG Imaflora, em parceria com a prefeitura de Boa Vista do Ramos, com a Escola Agrotécnica Federal de Manaus (EAFM) e a Oficina escola de Lutheria da Amazônia (OELA). Segundo o governador Eduardo Braga, a certificação FSC é o coroamento de um trabalho iniciado há 5 anos, no sentido de legalizar e ordenar a exploração de madeira realizada por comunitários no município. A ação conjunta envolveu organização social, treinamentos em todas as etapas do manejo, negociações de venda do produto certificado, legalização fundiária e auditoria na área manejada.
O certificado e a placa de identificação do primeiro município amazonense com produção madeireira reconhecidamente qualificada e legalizada foram entregues à comunidade Menino Deus do Curuçá e aos líderes da Associação Comunitária dos Extratores de Produtos da Floresta (Acaf) no último sábado, 12, pelas mãos do governador Eduardo Braga, que definiu o trabalho do município como “um exemplo de respeito ao meio ambiente e esforço conjunto em busca do desenvolvimento sustentável”, diretrizes básicas do Programa Zona Franca Verde.
O governador explicou que um dos primeiros esboços do Zona Franca Verde nasceu naquela comunidade de Boa Vista do Ramos, quando ainda em campanha foi visitar a produção de madeira do local. “Vim a esta comunidade como candidato e hoje retorno como governador do Amazonas para ver as sementes que foram plantadas com tanto cuidado darem frutos. Essa é a essência do programa de desenvolvimento sustentável que estamos querendo fincar no Amazonas”, lembrou Eduardo Braga.
Na sua passagem pelo município, o governador assinou um convênio entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; a Agência de Florestas e a Escola Agrotécnica, para a doação de um trator e um caminhão para viabilizar o transporte das madeiras extraídas pelos comunitários. “Um de nossos maiores entraves da produção atualmente é o transporte das toras. Por causa do difícil acesso, os extratores fazem essa travessia com a madeira nas costas. Com o trator e o caminhão o rendimento diário dos pequenos produtores poderá triplicar”, disse Phillippe Waldhoff, coordenador do projeto e professor da Escola Agrotécnica.
Atualmente, a produção de madeira em Boa Vista do Ramos gira em torno de 1000 m3 por ano de madeira serrada. Com a certificação, melhores preços poderão ser obtidos pela Acaf, gerando benefícios diretos para mais de 100 famílias envolvidas na atividade, que devem obter uma média de R$ 300 por mês. Isso corresponde a um aumento de cerca de 20% na renda familiar atual.
A viabilização das vendas da madeira com “selo verde” já está sendo articulada pela Agência de Florestas e Negócios Sustentáveis do Amazonas, autarquia vinculada à SDS, que entra em campo para intermediar a inserção da produção no mercado nacional e internacional.
“O papel da Agência é basicamente dar apoio técnico aos produtores e buscar melhores condições comerciais para a venda desse produto amazônico no mercado. A intenção é atrair novos parceiros, identificar potenciais mercados com menores alíquotas e isenção fiscal para desonerar a produção comunitária e facilitar o acesso a linhas de fomento do governo do estado”, disse Malvino Salvador, diretor-presidente da Agência.
De acordo com Virgílio Viana, Secretário de Meio Ambiente, a proposta do governo do estado para este ano é disseminar o exemplo de Boa Vista do Ramos e as técnicas de manejo florestal comunitário em pequena escala para outros municípios do estado. “Desde que intensificamos os trabalhos no Programa Zona Franca Verde, o estado já elaborou mais de 280 planos de manejo florestais madeireiro em diversos municípios do Amazonas. A intenção é fazer com que os pequenos produtores e comunitários adotem o manejo florestal como forma de garantir seu sustento e a manutenção da floresta”, explicou.
Mais informações: Agência de Florestas
(92) 642-5526