Ambientalistas e empresas iniciam diálogo
23 de maio de 2005Entendimento apressou busca de solução para graves problemas
Reunião com o superintendente da Regap, Caio Múcio Barbosa Pimenta e técnicos da refinaria, para resolver problemas ambientais
A outra vertente do trabalho da entidade acabou sendo do conhecimento apenas das pessoas que participavam do dia-a-dia da entidade. Um exemplo: em 1993, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais – Usiminas, que, ao lado da Acesita, era responsável pela degradação ambiental do Vale do Aço, foi incluída na pré-Lista Suja. Depois de receber comunicado da Amda, a empresa procurou a entidade disposta a discutir o assunto. Da reunião também participaram representantes dos órgãos ambientais do estado e da prefeitura de Ipatinga. Selado o entendimento, a Usiminas saiu da Lista.
Ao longo da década de 90, a Amda manteve um diálogo aberto com a Refinaria Gabriel Passos – Regap, da Petrobras, e a Companhia Energética de Minas Gerais- Cemig, estatal do governo de Minas, responsável pela produção e distribuição de energia elétrica no estado.
Foram inúmeras as reuniões na Amda da qual participaram o superintendente da Regap, Caio Múcio Barbosa Pimenta e vários técnicos da empresa em busca de soluções para os problemas ambientais da refinaria, que está localizada em Betim-MG.
Ser ecológico é sair
da Lista Suja
No caso da Cemig, a discórdia estava nas áreas de reserva legal que a empresa pretendia deixar para as usinas de Nova Ponte e Miranda, em construção no Triângulo Mineiro. A aproximação com a Amda permitiu que os dois lados chegassem a um entendimento cujo resultado concreto foi a retirada da Cemig da Lista Suja. Em comemoração, a empresa espalhou em Belo Horizonte dezenas de outdoors com seguinte a inscrição: “Ser ecológico é sair da Lista Suja da Amda”.
Lei Florestal – Outro acordo ambiental importante foi a aprovação, em 92, da Lei Florestal, que, pela primeira vez, fixou regras para o consumo de carvão vegetal no Estado. Para o autor do projeto que deu origem à lei, o atual vice-prefeito de Belo Horizonte, Ronaldo Vasconcellos (foto) que na época era deputado estadual, a lei foi importante porque foi fruto de um entendimento que reuniu o poder público, as entidades ambientalistas e as empresas produtoras de ferro-gusa, ainda hoje as maiores consumidoras do produto no estado.
FIEMG – Nos anos 90, a predisposição do diálogo por parte das empresas ganhou o apoio da Federação das Indústrias dos Estado de Minas Gerais – Fiemg. A entidade, cuja atuação no Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam, vinha sendo marcada pela defesa das indústrias, mesmo que elas não estivessem em dia com seus compromissos na área ambiental, mudou sua estratégia. Após a posse Stepan Bogdan Salej na presidência da entidade, a Fiemg passou a cobrar de seus associados o cumprimento da lei. O apoio não era mais incondicional.
Na esteira de todas estas mudanças, a Amda também reconheceu o esforço das empresas que procuraram mudar sua postura e criou o quadro de associados pessoa-jurídica. Uma das pré-condições para integrar o grupo era estar absolutamente em dia com o cumprimento dos termos de compromissos assinados com o órgão ambiental. Segundo Maria Dalce Ricas, superintendente-executiva da Amda, a criação desse novo quadro de associados foi resultado de um longo período de amadurecimento da entidade, que passou a buscar formas de se relacionar com os setores empresariais comprometidos coma idéia de que é possível compatibilizar o desenvolvimento com a preservação ambiental. A iniciativa da Amda recebeu críticas no início. Entretanto, várias outras entidades também adotaram o mesmo modelo.
“É cegueira negar a evolução da iniciativa privada, mesmo que não de forma homogênea. Porque, então, não estabelecer parcerias com empresas ambientalmente corretas? Ambos os segmentos também estão inseridos na sociedade civil”, ressalta a superintendente-executiva da Amda.