Folha do Meio Ambiente

O estupro da floresta:  o patrimônio ambiental da Amazônia é dilapidado pelas carvoarias e madeireiras “fantasmas”

Na Operação em Tailândia foram autuadas e fechadas 06 serrarias clandestinas, detectadas 40 madeireiras “fantasmas”, 05 carvoarias e 200 fornos  embargados, mais de oito mil metros cúbicos de madeira apreendidos e multas que ultrapassam 1,5 milhões de reais. O quadro encontrado em Tailândia é considerado recorde em relação às 24 madeireiras fantasmas identificadas na Operação de Novo Progresso em 2002.
“O Ibama disponibiliza toda a tecnologia de ponta e com base nisso planeja suas ações no combate aos ilícitos ambientais”, explica Marcílio Monteiro, gerente executivo do Ibama no Pará. A fiscalização, com auxílio da tecnologia detectou desmatamentos, extração de madeira e carvoarias ilegais, madeireiras fantasmas e clandestinas e o uso ilegal de Autorização de Transporte de Produto Florestal – ATPF em um paraíso de ilegalidade construído nos últimos quatro anos em Tailândia, nordeste do Pará. Situação semelhante à encontrada em Novo Progresso em 2002. Segundo técnicos do Ibama o patrimônio ambiental dilapidado pelas madeireiras clandestinas e “fantasmas” nos últimos quatro anos na região de Tailândia representa por mês a perda de mais cinco mil árvores de diversas espécies, algumas nobres como jabota, ipê, angelim e massaranduba. A esse crime ambiental acrescem o assoreamento de  rios e igarapés e agressões de toda ordem a  fauna e flora amazônica.
O movimento mensal chega a mais de 20 mil  m3 de madeira processada e comercializada ilegalmente na região. Segundo o  Cadastro Técnico Federal (CTF) estão registradas 118 empresas madeireiras com base física no município de Tailândia.

Planos de manejo
Segundo Marcílio Monteiro, gerente executivo do Ibama no Pará, dos 36 Planos de Manejo Florestais Sustentáveis  (PMFS) existentes na região de Tailândia, somente um se encontra  apto à exploração florestal. Os outros 35 PMFS estão em fase de manutenção devido a pendências técnicas de campo e/ou a falta de área a ser explorada. Na região de Tailândia até o momento já foram apreendidos mais de oito mil metros cúbicos de madeira entre toras e serrados.
Projeção feita por analistas ambientais sinaliza que os números da apreensão podem atingir até 30 mil m3 depositados em pátios das serrarias sem comprovação de origem. As empresas Mademata e Jack Madeiras receberam multas que somam 964 mil reais. As serrarias apresentavam cobertura de produto florestal  para 1,5 mil m3, mas nos pátios dessas empresas os fiscais encontraram 6,2 mil metros3. Os 4,7 mil m3 em descoberto foram apreendidos.

Tecnologia do Sipam

Os agentes de fiscalização contam com o apoio do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) também nas operações terrestres. Na operação por terra e a bordo de helicópteros, o Ibama usou tecnologia de navegação aérea e terrestre em tempo real com GPS, tendo durante o vôo dados de geoprocessamento do banco de dados do Setor de Sensoriamento Remoto do órgão. Isso permite a visualização contínua de áreas com autorização para desmatamento, propriedades com plano de manejo florestal autorizados e áreas de conservação, além de denúncias e pontos críticos previamente detectados em imagens de satélite. É possível, mesmo durante o vôo, estabelecer a dimensão de um desmatamento ou ocorrência de exploração ilegal de madeira. Com isso o uso da aeronave é racionalizado e a atuação da fiscalização torna-se mais objetiva e ágil.

summary

Record deforestation:  26.140 km2 of Amazon Rainforest lost

Assault on the national conscience
Deforestation has risen 6,3% and ghost companies illegally use timber from Sustainable Management Plans.  It is lumber ‘laundering.’

Diverse technologies, different types of know-how, and all kinds of scams have been used to remove timber from the Amazon Forest. First there were the large floating sawmills, with no address or registration, which would go into the forest to take fine timber. Now, at the end of April, Ibama also used information from SIPAM – Protection System for the Amazônia – in its inspection, and detected the use of ATPF (Authorization for Transportation of Forest Products) by ghost companies as well as a plethora of illegal activity in the northeastern region of the sate of Pará. It was the Tailândia Operation that had support from the Army and the Federal Highway Police, and discovered the improper use of ATPF by ghost companies with the intent of illegally utilizing timber from Sustainable Forest Management Plans (PMFS). This was a new form of illegal activity practiced by timber companies in the municipality of Tailândia, located along side the PA – 150 Highway, northeast region, 240 km from the capital city of Belém. The registered timber companies cause a loss of millions of Reais to the Brazilian government, illegally cut-down millions of trees, and use fake, stolen, altered, and laundered ATPFs. An ATPF is worth R$ 45,00 per declared cubic meter to ‘legalize’ timber laundering. This announcement was made much to the embarrassment of the Ministry of the Environment on May 19:  deforestation of the Amazônia totaled 26.140 square km  from August 2003 to August 2004.  This is the second highest rate since 1995, which recorded devastation of 29.059 km2.

In the Tailândia Operation 6 illegal sawmills were sued and closed down, 40 ghost companies were detected, 5 coal making companies and 200 ovens were embargoed, over eight thousand cubic meters of timber was detained, and the fines exceeded 1.5 million Reais. The reality found in Tailândia is considered a record in relation to the 24 ghost companies identified in the New Progress Operation in 2002.
“Ibama makes cutting edge technology available and based on this, plans out its actions to combat environmental law infringements,” explains Marcílio Monteiro, executive administrator of Ibama in Pará. According to Marcílio Monteiro, of the 36 Sustainable Forest Management Plans in the sate of Pará region, only one is ready to be exploited. The other 35 Sustainable Forest Management Plans are in the maintenance stage due to technical holdups.
Amazônia Protection System
The inspection agents also have the support of the Protection System for the Amazon (SIPAM) when dealing with operations on land. In operations by land and by helicopters Ibama used aerial and land navigation technologies in real time with GPS. During the flight, geoprocessing information from Ibama’s Remote Sensory Department’s database was used. This enabled continuous observation of the areas with authorization for deforestation, properties with sustainable forest management plans, and conservation areas, as well as reports of illegal activity and critical points previously detected via satellite imaging. It is possible, even during the flight, to establish the amount of deforestation or even occurrences of illegal timber exploiting that have occurred. Thus, the use of the aircraft in facilitating inspection makes it more objective and effective.