Editorial

Caro Leitor

23 de maio de 2005

Foram precisos três décadas para que o ser humano aprendesse uma sábia lição: o desenvolvimento econômico não é incompatível com a preservação do meio ambiente. Este, em linhas gerais, é o fio condutor da retrospectiva ambiental que a Folha do Meio Ambiente publica nesta edição, enfocando a realidade de Minas Gerais que, há 30 anos,… Ver artigo

Foram precisos três décadas para que o ser humano aprendesse uma sábia lição: o desenvolvimento econômico não é incompatível com a preservação do meio ambiente. Este, em linhas gerais, é o fio condutor da retrospectiva ambiental que a Folha do Meio Ambiente publica nesta edição, enfocando a realidade de Minas Gerais que, há 30 anos, foi palco dos primeiros grandes conflitos ambientais: a tentativa, ocorrida em agosto de 1975, de fechamento da fábrica de cimentos Itaú, na Cidade Industrial de Contagem, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Embora Minas seja apenas um dos 27 estados da federação, sua retrospectiva ambiental não é muito diferente da do País como um todo. Em ambos os casos, a conclusão foi a mesma: a preservação do meio ambiente se fez, primeiro, pelas denúncias duras de alguns ambientalista e do confronto persistente de algumas ONGs. Depois, pelo diálogo civilizado entre sociedade, poder público e iniciativa privada. Aliás, o entendimento e o voto democrático são os únicos caminhos possíveis para uma solução ambientalmente correta. Sobretudo uma solução que perdure, que se aperfeiçoe através dos tempos e que traga, de fato, um cenário de desenvolvimento econômico e justiça social.
Espero que este trabalho jornalístico de retrospectiva ambiental sirva para iluminar futuras decisões e dê mais força, ainda, a todos que estão engajados – ou não –  nesta tarefa de resgate da cidadania e de preservação dos recursos naturais. Os desafios estão postos. Os exemplos estão aí. É só acompanhar um pouco das histórias que começam na página 11 e terminam na página 22.
As denúncias de desmatamento da Amazônia viraram lugar comum. Nunca se desmatou tanto como agora. E acaba de aparecer mais uma novidade: a “lavagem” da madeira. A “lavanderia” está tão solta por aí, com a necessidade de “esquentar” dinheiro do narcotráfico, do tráfico de armas e de animais, que acabou chegando às belas e cobiçadas árvores amazônicas. Nas páginas 08 e 09 estamos mostrando como empresas fantasmas “esquentam” madeira oriundas de Planos de Manejo Sustentado.
A verdade é que tecnologias das mais diversas, esperteza das mais variadas e toda sorte de golpes vêm sendo praticados para tirar madeira da Floresta Amazônica. Primeiro foram as grandes serrarias flutuantes, sem endereço e sem registro, que se embrenhavam na mata para retirar madeira nobre lá na ponta dos afluentes. Agora é esta história de “esquentar” madeira de Planos de Manejo Sustentado. Pobre Amazônia!


SUMMARY


Dear reader


Three decades were necessary for human kind to learn an important lesson: economic development is not incompatible with environmental conservation. This is, in general, the main thread running through the Folha do Meio Ambiente in this edition, with a focus on the state of Minas Gerais, where 30 years ago the first major environmental conflicts occurred: the attempt, in August of 1975, to close the Itaú cement factory in the Cidade Industrial de Contagem, municipality of the metropolitan region of Belo Horizonte. Although Minas Gerais is only one of the 27 states in the country, its environmental story is not much different from that of the rest of the nation. In both cases, the final result was that preservation of the environment occurred first by harsh accusations from a few environmentalists and by the persistent confrontation of some NGOs, and later, by the civilized communication between society, government, and the private sector. Actually, understanding and voting are the only possible paths that lead to an appropriate environmental solution. A solution that lasts, is perfected over time, and brings true economic development and social justice. It is my hope that this journalistic endeavor concerning the environmental history serves to illuminate future decisions and further strengthen all those engaged – or not – in this mission to take back citizen’s rights and the preservation of natural resources. The challenges have been identified. The examples are on the table. Just follow a little of the history that begins on page 11 and ends on 22.      


The accusations of deforestation in the Amazon have become commonplace. Never before has deforestation been so widespread. To add to this, we now have timber ‘laundering.’ The ‘laundering’ is running so loose that trafficking of drugs, weapons, and animals ended up affecting the beautiful and valuable Amazonian trees. On pages 8 and 9 we explain how ghost companies illegally use timber from Sustainable Management Plans. The truth is that diverse technologies, different types of know-how, and all kinds of scams have been used to remove timber from the Amazon Forest. First there were the large floating sawmills, with no address or registration, which would go into the forest all the way up the tributaries to take fine timber. Now we are hearing about the illegal use of timber from Sustainable Management Plans. Poor Amazônia!!!
SG