Recursos Hídricos

Águas: contaminação e superexploração

23 de maio de 2005

Retrocessos e acidentes contaminam os rios de Minas, enquanto no Circuito das Águas a população protesta contra superexploração de suas águas minerais pela Nestlé

Também em 2003, em junho, a Ferrovia Centro-Atlântica  foi responsável pelo derramamento de 867 mil litros de produtos tóxicos na região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, região Oeste do Estado. O acidente interrompeu o fornecimento de água para cerca de 300 mil pessoas quando 12 vagões de um trem carregado de produtos inflamáveis destinados a uma empresa de fertilizantes de Uberaba saíram dos trilhos. De acordo com o laudo do Corpo de Bombeiros, os vagões estavam carregados de octanol, metanol, isobutanol e cloreto de potássio e acabaram pegando foto.


Água Mineral: o caso de São Lourenço
No Sul de Minas, a possibilidade de contaminação e esgotamento das fontes de águas minerais preocupa a população. Recentemente, o jornal “Estado de Minas” publicou reportagem em que denuncia a superexploração das águas de São Lourenço pela multinacional Nestlé como responsável pela alteração do sabor de uma das fontes e o esgotamento de outra, hoje recuperada. Essa hipótese é defendida pelo geólogo Gabriel Junqueira, que assessora o Ministério Público na ação que move contra a empresa. Segundo a reportagem, além dos danos ecológicos, o Ministério Público constatou que a documentação da empresa estava irregular quanto à licença ambiental para engarrafar água mineral.
A polêmica entre a população de São Lourenço e a Nestlé ocorre no momento em que se discutem os termos do edital para a exploração das fontes de águas minerais de Caxambu, Cambuquira e Lambari. O medo é que uma multinacional vença a concorrência e as cidades convivam com problemas semelhantes aos de São Lourenço. O receio é que multinacionais não respeitem os limites de exploração, provocando o esgotamento ou a alteração na qualidade das fontes.
Há 25 anos, as águas de Caxambu, Cambuquira e Lambari são exploradas pela empresa Supergasbrás. Mas o contrato de concessão já venceu há quase cinco anos e é hoje motivo de batalha judicial, que está praticamente no fim. A matéria também informa que os técnicos da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais empresa do governo de Minas detentora das concessões das fontes, trabalham com a meta de lançar o edital ainda este ano. Mas não está definido se uma única empresa vai engarrafar a água das três cidades, de quanto tempo será o contrato e qual será o volume máximo de extração permitido.
A Codemig informa que o único item do edital já acertado é que não haverá superexploração, ou seja, quem for engarrafar a água não vai poder usar bombas nem perfurar o subsolo. A captação terá que respeitar a água que brota naturalmente das fontes.