Retrospectiva ambiental de Minas Gerais

23 de maio de 2005

Três décadas de aprendizado


A década de 70 foi marcada por um desenvolvimento a qualquer preço. Em Goiás, por exemplo, o governo chegou a publicar um anúncio na revista VISÃO pedindo que mandassem a poluição (e as indústrias) para o Estado


Ninguém nasce predador. Muito menos, ninguém nasce ambientalista. Ambos os comportamentos a vida vai moldando, de acordo com as diversas circunstâncias econômicas, políticas e filosóficas que envolvem a relação do ser humano com o próprio ser humano e do ser humano com os recursos naturais. Da Idade da pedra lascada, passando por tantas outras Idades até chegar à Idade do chip internáutico, o homem buscou fazer riquezas a qualquer custo.  Massacrou, matou, desflorestou e poluiu sem pensar nas conseqüências. Foi um verdadeiro vale tudo pela sobrevivência e pelo bem-estar. Há pouco mais de três décadas acendeu uma luz vermelha: a Terra é uma só. O ar, a água e o clima, como as aves do céu, não obedecem fronteiras. Não adianta ser o mais forte e nem ir à guerra. O meio ambiente envolve a todos. O efeito estufa, a biodiversidade, os recursos hídricos e o degelo polar são elementos da natureza que, para o bem ou para o mal, vão influenciar lá e aqui. Na China ou no jardim de nossa casa. O assunto é complexo. Como compatibilizar os interesses de tantas empresas e de tantas nações onde vivem mais de seis bilhões de pessoas? Cada país, cada estado, cada município e cada cidadão tem que fazer sua parte. A história da evolução da política socioambiental, da conscientização do valor da biodiversidade, de como fazer bom uso dos recursos naturais e de como mudar padrões de produção e de consumo em Minas Gerais é uma síntese da história de muitos estados e da sociedade brasileira. Essa retrospectiva ambiental de Minas deixa várias lições. Uma delas vou antecipar para que ela nos acompanhe na leitura de cada página deste suplemento: não deixe de fazer por só poder fazer muito pouco. A natureza é magnânima e, com o muito pouco de cooperação e proteção, ela pode ser recompor. As reportagens que integram essa retrospectiva ambiental de Minas Gerais foram produzidas pelo jornalista Marcelo Freitas, que há quase três décadas se dedica, como profissional de imprensa e integrante da Associação Mineira de Defesa do Ambiente – Amda, a acompanhar o desenvolvimento de nossa realidade ambiental. Marcelo Freitas foi editor do Ambiente Hoje durante sete anos e, atualmente, trabalha no projeto de um livro que irá contar a história dos conflitos ambientais de Minas.  
Silvestre Gorgulho