Gestão ambiental

Gás do Urucu é monitorado até Manaus

18 de julho de 2005

Petrobras monta rede de pesquisas para monitorar águas da região Amazônica e da costa do Maranhão ao Amapá


 


 


Um barco com pesquisadores percorre 400km
pelo rio Solimões coletando dados e amostras


 


 


 


 


Piatam
Piatam é a denominação abreviada de “Monitoramento das Áreas de Atuação da Petrobras: Potenciais Impactos e Riscos Ambientais na Indústria do Petróleo e Gás no Amazonas”. O projeto, nascido na Universidade Federal do Amazonas em 2000, desenvolve-se na área de produção petrolífera localizada às margens do rio Urucu, que transporta petróleo e gás ao longo do rio Solimões com destino à refinaria de Manaus. O transporte de petróleo é feito primeiramente por um poliduto de 280 km até o terminal de Coari, e depois, por meio de navios, até Manaus.
Em quatro excursões por ano, uma em cada ciclo hidrológico do rio (cheia, seca, vazante e enchente), um barco com os pesquisadores do Piatam percorre cerca de 400 km pelo rio Solimões coletando dados e amostras. Estes são integrados em sistemas de informações geográficas para criação de mapas de sensibilidade ambiental.
No decorrer das excursões, as descobertas sempre acontecem. Já foram identificadas espécies de peixes até então desconhecidas na região. Em uma das comunidades, um sítio arqueológico foi revelado. Técnicas de sensoriamento remoto, por satélites, revelam novos dados sobre a floresta e seu ciclo hidrológico. A partir desse ano, os pesquisadores da área de socioeconomia do Piatam começam a atuar mais incisivamente, desenvolvendo projetos para as comunidades pesquisadas.


Importância científica
A importância dos projetos Piatam e Piatam Mar é ainda maior quando se considera a sua imensa contribuição para a ampliação do conhecimento científico sobre os ecossistemas amazônicos.  Além das atividades de pesquisa habituais do programa, a equipe consegue atender as comunidades ribeirinhas, em forma de projetos para melhoria de sua qualidade de vida. Assim, através de oficinas, palestras e exposições, a equipe deu seqüência ao curso capacitação e formação das lideranças dos ribeirinhos tendo como motivação a produção de húmus, a partir de macrófitas (plantas aquáticas).
As oficinas foram ministradas em todas as nove comunidades que compõem o trecho contemplado pelo programa. Com exceção da Comunidade Santa Luzia do Buiuçuzinho, devido a problemas de ordem climática e geográfica ocorridos na excursão anterior e que impediram a realização da primeira fase da oficina na época, os pesquisadores Fábio Marques Aprile e Pedro Augusto Suárez Mera, do grupo de Limnologia, apresentaram o experimento com as plantas aquáticas passo-a-passo, de forma teatralizada, didática e bastante descontraída. Eles estabeleceram uma interação muito grande com as populações locais. Para dar um caráter didático ao trabalho, foi distribuída uma cartilha sobre as plantas aquáticas e suas utilidades.
Para o pesquisador Antônio Carlos Witkoski, coordenador da excursão, o objetivo da equipe é, a partir da apresentação concreta da transformação das plantas aquáticas em húmus, que as oficinas entrem num campo mais abstrato, no qual se inicia a teorização dos problemas dentro das comunidades. “Buscamos soluções e reforçamos a conceituação de um líder e de seu papel dentro do grupo social”, diz Witkoski.
De acordo com os cálculos do grupo de limnologia e de socioeconomia, as plantas aquáticas levam, em média, de 3 a 4 meses para se transformar em húmus. Assim, na próxima oficina, pesquisadores e comunitários poderão discutir a sua produção, as dúvidas surgidas durante o processo e os resultados alcançados. Além disso, pretende-se levar um modelo do húmus já pronto, ensacado e com o selo de identificação, além de um mapa das potencialidades do mercado consumidor desse tipo de produto em Manaus. Segundo os técnicos, o objetivo é, futuramente, viabilizar um processo de comercialização. “Como se pode ver, esta não será apenas uma oficina de uma excursão. É a busca de soluções socioeconômicas para uma comunidade”, explica Witkoski.
Além da equipe do Piatam, esta excursão contou com a participação da geógrafa e pesquisadora Maria Thereza Prost e da química Teresa Cristina Oliveira, doutoranda da PUC-RJ. Prost é coordenadora do Comitê Científico do Piatam Mar e membro do Comitê Científico do Piatam. Teresa Cristina foi convidada a participar desta excursão para realizar um trabalho de análises de compostos orgânicos poluentes em sedimentos de rios e lagos, em conjunto com a equipe de Limnologia.
Uma outra novidade desta excursão foi a presença de dois pesquisadores especializados em pássaros, Gonçalo Ferraz e Luciano Naka, iniciando as atividades de um também possível novo grupo do programa, o qual realizará o monitoramento das aves ocorrentes no trecho Manaus-Coari.
Piatam Mar
Com o sucesso do Piatam, a Petrobras decidiu repetir a experiência e criou, em 2004, outro o projeto: o Piatam Mar. Esse projeto vai contemplar, em uma única base de dados, todas as informações sobre a extensão de terra e mar que vai da Baía de São Marcos, no Maranhão, até o Cabo Orange, no Amapá. Esse trecho abriga a maior extensão contínua de manguezais do mundo, além de três áreas de proteção ambiental (APAs) localizadas nos estados do Amapá, Pará e Maranhão.
Em sua primeira etapa, o projeto Piatam Mar realizou um amplo levantamento de todas as informações ambientais disponíveis sobre a região, que deram origem a mapas preliminares. Desde o início desse ano, os dados coletados pelos pesquisadores foram utilizados em três situações de emergência: duas com caminhões que transportavam combustível no Amapá e uma com um navio contendo 30 mil toneladas de óleo, que encalhou por causa da desatualização de carta náutica da região.