A beleza e a magia da Serra do Cipó
8 de agosto de 2005A maior diversidade vegetal do mundo e cavernas com inscrições e desenhos de peixes e mamíferos
O parque
Com 33.800 hectares – quase tão grande quanto o município de Belo Horizonte, o Parque Nacional da Serra do Cípó está a 100km da capital mineira. Localizado na Serra do Espinhaço, que nasce na região do Vale do Tripuí, em Ouro Preto, estendendo-se até o sertão da Bahia, onde se forma a Chapada Diamantina, de parque estadual (1975), foi transformado em nacional, em 1984.
O Espinhaço é o divisor de águas das bacias do São Francisco e dos rios Doce, Jequitinhonha e Mucuri. A Serra do Cipó, antes conhecida como Serra da Vacaria, era o caminho natural dos bandeirantes, em busca de ouro e pedras preciosas que, por essas trilhas, aportaram lá para as bandas do Arraial do Tejuco, hoje Diamantina.
O rio Cipó e seus formadores, os ribeirões Mascate, Bocaína, do Peixe e da Bandeirinha, banham a região, juntamente com os inúmeros córregos que formam piscinas naturais, como a Lagoa Comprida, e várias cachoeiras.
As mais conhecidas pelos turistas são a Véu da Noiva, Farofa e Andorinhas, porém, uma das atrações de extraordinária beleza, talvez a mais suntuosa de toda a região, é a Ravina das Bandeirinhas, um vale profundo, formado por um canyon de paredões de rocha bruta, por onde corre o ribeirão da Bandeirinha.
A aventura não poderia faltar neste lugar, onde o papel de Indiana Jones pode ser facilmente interpretado, basta uma boa dose de audácia e coragem. O rol de emoções vai do simples passeio à cavalo, até o trekking, mountain bike e os mais radicais como o rappel e canyoning. A empresa Terra Viagens Ecológicas promove esses programas, dentro de viagens semanais à Serra do Cipó. Para quem deseja um lazer mais tranquilo, em acampamentos, ao chegar, as pessoas e famílias já encontram até as barracas prontas e instaladas.
Morro da Pedreira
Quando se vê no mapa que delineia o Parque Nacional da Serra do Cipó, as linhas que demarcam a área do Morro da Pedreira, ao seu redor, a impressão que se tem é que o Parque está envolvido por um grande abraço. como que bem guardado. As cidades do entorno, hoje, representam as grandes aliadas na luta pela preservação do parque, graças a uma nova filosofia de trabalho, desenvolvida pelo IBAMA, de conscientização das pessoas, que passaram a enxergar, nos parques, um importante instrumento para o desenvolvimento da região como um todo.
Criada em janeiro de 1990, através do Decreto Federal n0 98.891, a Apa-Morro da Pedreira, surgiu da necessidade de garantir a proteção do Parque Nacional da Serra do Cipó – terceiro parque nacional a ser construído em Minas – e o complexo paisagístico de parte do maciço do Espinhaço.
A preservação do Morro da Pedreira, sítios arqueológicos, a cobertura vegetal, além da fauna silvestre e dos mananciais, fundamental ao ecossistema da região, também estão sob sua proteção.
A Apa-Morro da Pedreira abrange áreas dos municípios de Santana do Riacho, Conceição do Mato Dentro, Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar, Jaboticatubas, Taquaraçu de Minas, Itabira e José de Melo, no Estado de Minas Gerais, e restringe a realização de atividades que venham causar alterações ambientais, como as atividades industriais potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de águas, ou as que podem provocar a erosão das terras ou assoreamento dos rios.
Uma das maiores finalidades da Área de Proteção, que possui, ao todo, 66.200 ha, é fiscalizar a exploração de mármore nas encostas da serra que se erguem ao longo da cadeia do Espinhaço, além de atividades que possam ameaçar espécies raras de animais e vegetais, ou comprometer as condições ecológicas locais, principalmente na chamada Zona de Vida Silvestre, onde se concentra o conjunto de animais e vegetais da região, exigindo cuidados ainda mais rigorosos. Por isso, os turistas – sobretudo aqueles acidentais, que se cuidem!
Parceria e consciência
Não adianta ter fiscalização, se não houver uma consciência por parte das pessoas”, é o que garante Jáder Figueiredo, superintendente do Ibama em Minas Gerais, que, no final de setembro inaugurou, no Parque Nacional da Serra do Cipó, novas obras de infra-estrutura e apoio turístico.
O IBAMA assinou um termo de cooperação com a Associação Comunitária “João Nogueira Duarte”, quando foram criadas as brigadas de combate a incêndios florestais em toda aquele cenário mágico.
Houve, também, a assinatura de outro importante aditivo ao documento de parceria já existente com o Unicentro Newton de Paiva, visando o ordenamento do ecoturismo e da educação ambiental dentro e fora do parque.
O objetivo é transformar pessoas da comunidade em guias turísticos, dando, à elas a oportunidade de explorar a própria potencialidade, o que as tornará capazes para prestar todas as informações possíveis ao turista, como a importância dos campos rupestres, alertando sobre as espécies endêmicas e detalhando aspectos da vida animal, dos acidentes geológicos, dos tipos e origens das rochas, enfim, ensinar a maneira como usufruir de um parque com consciência, aprendendo a lidar com a natureza.
Jáder Figueiredo enfatizou a importância do trabalho desenvolvido em parceria e da igual participação da comunidade na escolha das obras de reestruturação desses parques que, com a abertura do turismo, devidamente controlado, e na medida em que os mesmos passam a ser melhor estruturados, vão surgindo mais pousadas e atrativos na região, o que acaba gerando investimentos, empregos e aumentando a arrecadação do município.
“É importante que alguns serviços sejam realizados através de concessões, e que a concessão seja feita na própria comunidade, porque não tem sentido o órgão público administrar um bem que é patrimônio desta comunidade”, esclarece o superintendente, enfatizando a importância de interagir em conjunto – seja com órgãos ambientais do Estado, empresas privadas ou mesmo ONG`s. O melhor exemplo é o que já ocorre na Serra da Canastra, região sudoeste de Minas, onde o Grupo Curupira realiza um trabalho financiado pelo Ministério do Meio Ambiente, o PED – Plano de Execução Descentralizada, que consiste em promover a educação ambiental (destinação correta do lixo, entre outras coisas), trabalhando as prefeituras do entorno do parque para que as mesmas possam ter o seu aterro sanitário.
De Hugo Werneck a Burle Marx
A princípio, quando pesquisadores como Hugo Werneck, José Rabelo de Freitas e alguns outros levaram ao então IBDF a idéia da criação de um parque, as reações não foram das melhores, pois dizia-se que nada havia lá no alto, além de pedras e água.
O que poucos supunham, entretanto, é que o lugar guardava a riqueza e variedade das plantas dos campos rupestres, ou campos de altitude – tipo exclusivo de vesgetação que floresce no alto de algumas montanhas brasileiras, em altitudes superiores a 900m.
Nos campos rupestres, ecossistemas onde os vegetais vivem em cima das pedras, ocorre a maior diversidade de espécies endêmicas, plantas restritas a uma única área, além de cerrados e matas de galeria, responsáveis, hoje, por uma das floras mais diversificadas do nosso Planeta, capaz de abrigar, em determinados campos de altitude, até mais de 100 espécies diferentes de plantas por metro quadrado.
“A variedade encontrada em um metro quadrado na Serra do Cipó, é maior do que em um quilômetro quadrado da Amazônia”, garantiu Burle Marx, ao explorar o local, na década de 70.
As flores da Serra do Cipó, principalmente as sempre-vivas, são artigos de exportação, com grande demanda nos mercados japonês, norte-americano e europeu. As matas de galeria guardam, também, espécies importantíssimas, como o pau-tombo, a copaíba, o limãozinho, as praíbas, as almecegueiras, os crótons e as samabaiaçus.
Em aproximadamente 150 quilômetros quadrados, concentram-se mais de 1.500 espécies de 106 famílias de angiospermas – ou seja, grupos de plantas floríferas superiores.
Mais informações:
http://www.geocities.com/Yosemite/1219/cipo.htm
http://aventura.vserver.com.br/l_serracipo.html
http://www.task.com.br/cipfani/taboleir.htm
SUMMARY
The Magical Beauty of the Serra do Cipó
On one side, a mountain range of marble, quartzite and sandstone. On the other, fields across which are spread a natural garden, flowering year-round with evergreens, manacás, Easter lilies, ipês, bromeliads and cacti, among the most divers species of orchids and a profusion of daisies.
The rich native fauna of reptiles, amphibians, insects and birds thrills the senses, along with mammals such as anteaters, pacas, capibaras, and maned wolves, asa well as typical birds such as the tié-Sangue and the pigeon hawk.
All this is combined with a landscape scattered with valleys and peaks rising to more than 1500 m revealing the beauties of a paradise that was once submerged during the unimaginable past 1.7 billion years ago, when according to geologists the area was covered by an arm of the sea the size of the Red Sea separating the Arabian Peninsula from Africa. We find ourselves in the Serra do Cipó in Minas Gerais.
This place is home to the world’s greatest floral diversity. Traces of the past immortalize a moment in the cave art found in this region, in caverns with carvings and drawings of fish and mammals.
The mild high-altitude climate, averaging 18°C, gives an edge to a mystical, contemplative, magical atmosphere. Many residents attest to the strange phenomena that happen almost every day: lights that glow, stars that move, meteorites that suddenly fall out of the sky, and even strange sounds not heard in any other place.
The place seems to draw us– not only us humans, but, according to UFO buffs, aliens as well, attracted to what is considered one of the strongest points of the so-called quadrilateral of flying saucers in the center of Brazil. While these mysteries and secrets become entangled, the spirit seems to seek, in ancient time, the imagination, lost in the midst of an incontestable reality. You are entering the Serra do Cipó.