Brasília sedia I Congresso para discutir desafios ambientais da urbanização
18 de agosto de 2005Três grandes temas para discussão
Os organizadores do primeiro Congresso Internacional em Planejamento e Gestão Ambiental esperam que este seja o ponto de partida para uma longa série de encontros internacionais. É esperado que durante o evento seja criada uma Associação Internacional de Planejamento e Gestão Ambiental capaz de dar continuidade aos debates e proposições, por meio de um trabalho em rede.
O Congresso culminará com a divulgação internacional de uma declaração elaborada pelos participantes, em que serão propostos os princípios do planejamento e da gestão urbana ambientalmente sustentável. Os temas do encontro são complexos e abrangentes.
Fundamentos conceituais do planejamento e gestão ambiental urbana
Nesta sessão serão enfocadas experiências reais em planejamento e gestão ambiental urbana. Até que ponto as novas práticas – como a descentralização da tomada de decisões, participação cidadã, tecnologias alternativas e serviços urbanos, educação ambiental, instrumentos econômicos ou de mercado – estão disseminados?
A professora Sueli Correa de Faria, coordenadora do Congresso espera que das muitas experiências que existem possam ser tiradas lições para enfrentar novos e difíceis desafios.
Explica a coordenadora que serão debatidas as relações entre o planejamento urbano e a gestão ambiental, a natureza e os desafios das práticas de gestão multi-setoriais e transversais. Os aspectos técnicos versus aspectos políticos do planejamento ambiental.
Também haverá discussões conceituais sobre assuntos correlacionados, tais como governança, ecologia urbana, planejamento e gestão urbana e contaminação do solo.
Dinâmica e impactos socioambientais da urbanização
Nesta sessão, o Brasil tem muito a apresentar. A própria construção de Brasília é um exemplo que deve ser melhor estudado e aproveitado. Também as cidades que nasceram da construção de hidroelétricas vão poder apresentar suas experiências e focalizar as mudanças de processos sociais, culturais e econômicos de uma urbanização planejada. É importante pesquisar os efeitos que esses processos podem causar no ambiente natural e na qualidade de vida. De que forma políticas públicas, padrões de consumo, mudanças econômicas e processos demográficos associados à urbanização afetam a sociedade e o meio ambiente? Que desafios esses problemas representam para um planejamento e gestão urbana sustentável? São perguntas que precisam ser respondidas e os participantes do I Congresso Internacional em Planejamento e Gestão Ambiental estão prontos para respondê-las.
As sessões incluirão apresentações tanto as causas quanto os impactos do processo de urbanização, inclusive os aspectos culturais, sociais, econômicos, institucionais, políticos e ambientais nele envolvidos.
Cientistas e pesquisadores vão discutir o crescimento urbano, migração rural-urbana, economia urbana, pobreza e exclusão social, uso do solo urbano e mercado imobiliário, o impacto da urbanização sobre a cultura, organização social, política, áreas verdes, poluição industrial, abastecimento de água e saneamento básico.
Gestão ambiental urbana na prática: experiências e estudos de caso
Nesta sessão, o objetivo é focar experiências reais em planejamento e gestão ambiental urbana. Até que ponto as novas práticas – como a descentralização da tomada de decisões, participação cidadã, tecnologias alternativas e serviços urbanos, educação ambiental, instrumentos econômicos ou de mercado – estão disseminados? Que lições podem ser tiradas dessas experiências e quais os desafios a serem enfrentados?
Os estudos de casos reais e apresentações de experiências de políticas mais abrangentes, em áreas como transporte, saneamento, resíduos sólidos, poluição industrial, qualidade do ar, gestão da água, parques e florestas urbanos, áreas de proteção e contaminação do solo, serão de muito interesse para as propostas de um novo urbanismo em escala mundial.
Segundo a coordenadora Sueli Correa de Faria, o Congresso será realizado de dois em dois anos. Em 2007 será realizado em Berlim. Pretende-se, no I Congresso, divulgar a Carta de Brasília, uma versão atualizada da Carta de Atenas. (ver box abaixo)
URBENVIRON 2005
Presidentes de honra:
Ex-ministro Henrique de Brandão Cavalcanti e Jorge Gavidia
(UN-Habitat)
Coordenação: Sueli Correa de Faria, Prof. Dr. (Ms.)
PUC de Brasília
Campus II – SGAN 916
Mod. B – Sala A-219
70790-160 Brasília – DF, Brasil
Telefone: 55 – 61- 34487128
Fax: + 55 – 61 – 3347-4797
Email: [email protected]
Carta de Atenas
A Carta de Atenas, escrita em novembro de 1933, representou um divisor de água no urbanismo mundial. A Charta de Athenas, como está escrita originalmente, foi elaborada por um grupo de pesquisadores depois de uma série de congressos e encontros científicos. Nestes encontros se discutiu como o paradigma da arquitetura moderna poderia responder aos problemas causados pelo rápido crescimento das cidades. A Carta de Atenas tem um sentido universal. Foi escrita depois de os pesquisadores terem analisado 33 cidades das mais diversas latitudes e climas no planeta. Ela estabeleceu regras para as graves questões do saneamento, do transporte e da ocupação do solo.
A Carta de Brasília será o nascimento de um novo urbanismo em escala mundial, que leva em conta a sustentabilidade, partindo da única cidade do século passado tombada pela Unesco como Patrimônio Cultural.
A Carta de Atenas tem três partes:
1) Generalidades – A cidade e a região: a cidade é só uma parte de um conjunto econômico, social e político que constitui a região.
2) Estado Atual Crítico das Cidades – Habitação e observações;
3) Conclusões – Pontos de doutrina.
A Carta de Atenas, em 1933, já dizia que a maioria das cidades estudadas oferecia a imagem do caos.