Transgênicos ainda sem controle internacional
8 de agosto de 2005Os 500 delegados dos 125 países participantes da Convenção da ONU sobre Biodiversidade, que acaba de se realizar em Cartagena, na Colômbia, não chegaram a um acordo sobre o Protocolo de Biossegurança das Nações Unidas, e o resultado é que o comércio de organismos vivos geneticamente modificados (OMV) continuará sem regulamentação internacional. Um desentendimento insuperável… Ver artigo
Os 500 delegados dos 125 países participantes da Convenção da ONU sobre Biodiversidade, que acaba de se realizar em Cartagena, na Colômbia, não chegaram a um acordo sobre o Protocolo de Biossegurança das Nações Unidas, e o resultado é que o comércio de organismos vivos geneticamente modificados (OMV) continuará sem regulamentação internacional.
Um desentendimento insuperável entre o bloco dos países exportadores de transgênicos, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco dos compradores, sob a liderança da União Européia, impediu o acordo, remetendo a decisão para uma nova tentativa, em maio do ano 2000.
O desentendimento
A disputa envolveu o texto do protocolo, o qual permitiria às nações restringir as importações não apenas de organismos experimentais, mas também de colheitas geneticamente alteradas. Mas o chamado Grupo de Miami, composto pelos Estados Unidos, Austrália, Argentina, Canadá, Chile e Uruguai rejeitou a proposta, insistindo em um acordo mais específico, que reduzisse substancialmente o impacto sobre a indústria da biotecnologia.
O Grupo de Miami deseja que os transgênicos sejam comercializados sem diferenciação dos produtos comuns, para evitar que uma eventual diferenciação possa ser utilizada mais tarde como uma espécie de barreira comercial.
Mas a reação dos países importadores, com o apoio de organizações não-governamentais de expressão mundial, como o Greenpeace , foi imediata: considerou que os interesses comerciais não devem sobrepujar-se à saúde humana e às preocupações com o meio ambiente.
As multinacionais fabricantes de transgênicos insistem em que esses produtos são a garantia de segurança alimentar global no futuro, e além da vantagem econômica – maior produtividade com menores custos – também protegem o meio ambiente, ao reduzirem substancialmente a utilização de inseticidas e herbicidas.
Porém os críticos dos transgênicos, entre os quais se inclui o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, respondem que essa tecnologia de alteração genética é ainda recente e deve ser encarada com cuidado, para evitar prejuízos insanáveis no futuro.
Expansão
Embora a tecnologia seja relativamente recente, pois as primeiras experiências com engenharia genética começaram há apenas duas décadas, vem se expandindo de forma geométrica no mundo desenvolvido.
No ano passado, segundo dados das Nações Unidas, o cultivo de plantas transgênicas ocupou 27 milhões de hectares, contra pouco mais de dois milhões de hectares em 1996.
A preocupação dos Estados Unidos em facilitar as vendas de transgênicos no mercado mundial tem uma explicação: atualmente, entre 25% e 45% do plantio dos principais produtos agrícolas norte-americanos já utiliza sementes geneticamente modificadas, estimando-se que até 2010 pelo menos 90% das exportações agrícolas norte-americanas sejam de produtos transgênicos.
Transgênicos
O que são:
– Transgênicos são as sementes que têm material genético modificado.
Maiores produtores:
– EUA (74%); – Argentina (15%);
– Canadá (10%); – Austrália (1%).
Vantagens:
– As plantas podem ficar mais resistentes a inceticidas e, até mesmo , à pragas e doenças;
– Podem produzir alimentos mais baratos e mais mutritivos;
– Conseguem maior produtividade.
Desvantagens:
– Pode haver descontrole do material genético, gerando outras pragas e doenças, ocasionando um desequilíbrio ecológico.
Mais informações:
www.greempeace.gov.br;
www.mma.gov.br
www.embrapa.com.br
www.bioetica.org
SUMMARY
Transgenetics Without International Control
The 500 delegates of the 125 countries participating in the Convention on Biodiversity of the United Nations, held recently in Cartagena, Columbia, were unable to reach agreement on the U.N. Treaty on Biosecurity, and the result is that the trade in live genetically modified organisms (OMV) continues without international regulation.
An insurmountable disagreement between the block of transgenetic exporting countries, led by the United Stated, and the block of importers, following the lead of the European Union, prevented any resolution, tabling any decision until the next attempt, in May of the year 2000.