Gente do Meio

MORAIS NÉ

21 de outubro de 2005

O jornalista cearense que virou nome de prêmio ambiental

A importância de Morais Né não está somente nos editoriais e nas reportagens que deixou. Morais Né é hoje nome de um dos principais prêmios do Ceará: o Prêmio Ambiental Jornalista Morais Né, constituído de um diploma e de uma medalha de ouro.
Foi instituído em 1992, por projeto do vereador Samuel Braga. Em junho último, em solenidade na Câmara Municipal de Fortaleza, foram premiadas duas empresas cearenses por atitudes de responsabilidade com a questão ambiental: a Cia Metalic Nordeste e a Akzo Nobel Ltda. – Divisão Intervet.


Quem foi Morais Né – Mas afinal, quem foi Antônio Alves de Morais Né e por que ele virou nome de prêmio ambiental? Acho que vale a pena saber. A melhor pessoa para explicar  é Renato Aragão, assessor de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Ceará – FIEC.
 Aragão começa voltando ao ano de 1975. “Neste ano – diz Renato – iniciamos as nossas atividades oficiais como defensor da natureza. A verdade é que nesta época não havia boa vontade de ninguém para a questão ambiental. Sobretudo dos governantes. Era a fase do desenvolvimento a qualquer preço. Mas bons observadores notavam que, vez por outra, o jornal O POVO soltava um editorial mostrando a importância da educação ambiental e das tecnologias limpas. Aí descobrimos que por traz de toda essa conscientização estava um jornalista chamado Morais Né”.
Nesta época Renato Aragão, que era dirigente do Depto. de Recursos Naturais da Superintendência de Desenvolvimento do Ceará – SUDEC, resolveu conhecer melhor o jornalista. “Foi um longo aperto de mão, um longo aprendizado e, sobretudo, uma longa parceria pela causa ambiental”.
Com a ajuda de Morais Né os ambientalistas conseguiram introduzir oficialmente as atividades ambientais, na estrutura do estado. “Naquela época – lembra Renato – a gente não podia cobrar muito. Qualquer cobrança maior de respeito à natureza era contra o desenvolvimento… E quando a coisa pegava, nosso suporte era Morais Né através de seus editoriais. Morais Né foi o primeiro jornalista ambiental do Ceará”.
Quando foi criado o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Fortaleza, foi o próprio Renato Aragão que pediu ao então  Prefeito Lúcio Alcântara que indicasse Morais Né para o Comdema.
Em 1989, depois de seu falecimento, o Ceará prestou a Morais Né uma  merecida homenagem. O então vereador Samuel Braga propôs a instituição de um Prêmio a ser concedido anualmente ao industrial que a cada ano se destacasse na execução de medidas de defesa da natureza. O primeiro agraciado foi Hermano Franck Júnior, hoje Diretor Administrativo da Federação das Indústrias do Ceará.