Ponto de Vista

Saneamento: o exemplo de Brasília

21 de outubro de 2005

Brasília alcança o primeiro mundo em saneamento ao ter 100% de tratamento dos esgotos coletados

 Brasília conquista esta nota 10, neste final de outubro. Ela alcança a marca inédita no País: 100% de tratamento dos esgotos coletados. Isso significa que em Brasília não há lançamento de efluentes "in natura" em nenhum de nossos cursos d'água e muito menos no Lago Paranoá. Uma vitória que todos cidadãos brasilienses devem comemorar e bendizer a preservação de nosso ecossistema.
O primeiro passo que um país dá para adentrar o Primeiro Mundo é ter condições sanitárias boas e saneamento eficiente. Brasília, podemos dizer, é hoje uma cidade do Primeiro Mundo.
Saneamento é obra, segundo os políticos, que não dá voto. É obra escondida, feita debaixo da terra. Difícil até de colocar placa. Mas saneamento foi obra prioritária no governo de Joaquim Roriz.
Como presidente da Companhia de Saneamento Ambiental – Caesb, posso garantir que fui cobrado e desafiado a tocar esse programa prioritariamente. Nos últimos seis anos, a Caesb investiu cerca de R$ 480 milhões em saneamento básico. Mais da metade com recursos próprios. Isto permitiu atender  98 % da população com abastecimento público, com água de excelente qualidade, atestada por todas as pesquisas efetuadas nos últimos meses.
Alcançamos os 100% de tratamento dos esgotos coletados. Esses efluentes passam por sistemas terciários de tratamento, os mais eficientes, antes de serem lançados nos cursos d’água. Hoje temos o Lago Paranoá totalmente despoluído e tornando-se um pólo turístico, esportivo e de lazer para toda a população brasiliense.
Isto só foi possível, também, devido a uma mudança conceitual no sistema de gestão da empresa. A mudança do nome para Companhia de Saneamento Ambiental retrata bem esta nova mentalidade e abre uma grande opção de dois desafios: gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos e expansão dos serviços para a área de todo o Entorno do Distrito Federal.
E não há como o governo e população de Brasília não se orgulharem desta marca alcançada e de uma outra que está chegando: dentro de três anos, a Caesb vai operar um novo sistema produtor e distribuidor de água potável, a partir do Lago de Corumbá IV, que permitirá o abastecimento do Distrito Federal e Entorno por mais 100 anos.
Para marcar todas essas conquistas e, principalmente, os 100% de tratamento de esgotos, realizamos entre os dias 24 e 26 de outubro – com o apoio do Ministério das Cidades, BID e Bird –  Seminário Internacional de Saneamento Ambiental. Reunimos em Brasília cerca de 350 participantes do setor para debater, formular e, porque não dizer, sonhar com um Brasil onde também 100% de seu esgoto sejam tratados. Um dia, que não seja distante, o Brasil possa também comemorar muito essa marca histórica que Brasília acaba de bater.

(*) Fernando Leite é
presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal