Pão de Açúcar pode ser parque
20 de dezembro de 2005Movimento ambientalista carioca reivindica a criação do Parque Municipal do Pão de Açúcar. A Prefeitura do Rio de Janeiro promete estudar.
Com lua ou sem lua, o Pão de Açucar é o cartão postal mais belo e mais conhecido do Brasil no mundo inteiro
Um dos fundadores da GAE, André Ilha, afirma que o entorno do Pão de Açúcar, uma rocha de 600 milhões de anos, com 396 metros de altura, já esteve bem pior, mas mesmo assim, a situação é preocupante. “Tivemos aqui uma favela, depois, um incêndio, mas em trechos como o Morro da Urca, o estado é crítico”. A verdade, é que a trilha que leva ao Morro da Urca pode ser utilizada até por crianças, tamanha a facilidade de acesso. O impacto maior é sentido na flora. São bromélias e orquídeas, algumas espécies raras e endêmicas que vêm sofrendo com o uso excessivo das trilhas e com a abertura de novas vias nos paredões. Para dar segurança nos trechos, uma série de pinos de aço, chamados de grampos são fixados na pedra. “Além de acentuar a deterioração da rocha, os grampos, se colocados em grande quantidade, geram uma poluição visual indesejável”, lamenta André Ilha. “Se nada for feito para proteger o ambiente natural utilizado acima de sua capacidade em breve a degradação se tornará irreversível”, concorda o presidente da Federação dos Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro, Bernardo Collares.
Mas se filho feio não tem pai, de quem é a culpa pela degradação do entorno do principal cartão postal do Brasil? Seria federal, do antigo Distrito da Guanabara ou Municipal? A fama do Pão de Açúcar sempre atraiu uma freqüência humana muito grande às suas encostas que foi escalado pela primeira vez em 1817. A situação ambiental vem se agravando desde que os militares perderam o interesse na manutenção da responsabilidade sobre a área que foi aberta ao público a partir da metade dos anos 80, segundo relatou André Ilha na 38ª reunião ordinária do Consemac.
Hoje, os obstáculos de “paternidade” para a criação do Parque do Pão de Açúcar estão inteiramente superados. A Procuradoria de Desapropriações do município concluiu, de forma definitiva, que toda a área é de domínio do município. Não é de hoje que o GAE tenta a criação do parque para o entorno do Pão de Açúcar. Em 1993, o movimento levou a idéia à Fundação Parques e Jardins e, em 1998, ao Consemac. Além de recuperar as áreas degradadas, o GAE exige que a Prefeitura fiscalize e promova a gestão da área assegurando a prática ambientalmente correta das caminhadas e escaladas para todos.
O desarquivamento do projeto foi aprovado por unanimidade por todos os 20 membros do Consemac e “ganhará especial atenção”, promete burocraticamente o secretário de Meio Ambiente, Ayrton Xerez.
O que ninguém entende – dizem alguns ambientalistas – é porque o prefeito César Maia, da Rio de Janeiro, marqueteiro de primeira grandeza que sempre foi, “ainda não entrou de cabeça nesta causa e não encampou logo esta bandeira”, de repercussão internacional.
O que ninguém entende é porque o prefeito César Maia, um marqueteiro de primeira grandeza, ainda não entrou de cabeça nesta causa e não encampou logo esta bandeira de repercussão internacional.
Equilíbrio e sintonia de luz e cores
Costão rochoso do morro Pão de Açúcar, com seu ecossistema de Mata de Restinga e bioma Mata Atlântica.
Bromélias, borboletas, micos-estrela, inseto e flores no costão do Pão de Açúcar
O fotógrafo, a sua arte e as suas mensagens
Silvestre Gorgulho
No mundo político, na família, no colégio e na natureza, cada fotografia revela uma história. Uma história que pode ser alegre, pode ser triste. Pode ser de amor e pode ser de rejeição. Sempre é uma história de vida. Falar sobre um fotógrafo e sua arte, é falar sobre todas estas histórias. Cada foto, um momento. Para o fotógrafo, um pinguinho d?água na asa da borboleta tem mais valor do que todo o sol brilhando tórrido sobre o oceano. Gustavo Pedro de Paula é assim. Um carioca de 29 anos, advogado e diretor do Grupo Ação Ecológica que gosta de fotografar. Gosta de contar histórias no detalhe. Misturando cor, luz e vida.
Gustavo Pedro formou-se em fotografia pelo Ateliê da Imagem e trilhou um caminho profissional que busca revelar o seu incansável olhar sobre o meio ambiente. “Me sinto como Noé, tentando salvar o equilíbrio com a sintonia de cores e luz em registros fotográficos. Tento trazer prazer aos olhos e com isto tocar a alma humana para a melhoria da qualidade ambiental”, costuma dizer Gustavo Pedro que tem trabalhos publicados em livros: “Amazônia” e “Brasil”, da Editora Céu Azul de Copacabana; e em revistas e sites como o JBEcológico e Rede Mata Atlântica.
Como fotógrafo coordenou a campanha de conscientização que denunciou a poluição visual no Rio de Janeiro (Mutirão contra a Poluição Visual) que fez parte do calendário FotoRio-2003. Como ambientalista tem participado ativamente das políticas públicas ambientais, sendo membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Câmara Técnica de Unidades de Conservação), do Conselho Gestor da APA do Morro da Babilônia, Leme, São João e Arredores, da Rede Mata Atlântica, do Grupo sobre Unidades de Conservação.
Para Gustavo Pedro, o conceito da fotografia ambiental tem um significado amplo. Vai do convívio equilibrado com a natureza, passando por populações tradicionais, pela cultura e até pela quebra de paradigmas antes limitados à flora, fauna e seus habitats. “O universo do homem brasileiro é marcado pela miscigenação, destacado nos traços faciais e costumes diversos. Muitos foram o registro da história, mas o desafio maior é sintetizar em imagens dos pés, um pedaço de nossa identidade nacional”, lembra ele.
www.gustavopedro.com
De onde vem o nome Pão de Açúcar
São dois cartões postais singulares e conhecidos no mundo inteiro. São dois pontos majestosos de onde se tem as mais belas vistas do Rio de Janeiro. O Pão de Açúcar, com sua altura significativa e plástica incomum, e o Corcovado.
Na verdade, o Pão de Açúcar é o mais popular sítio geológico do Brasil. Em todos os continentes, por todos os povos, é o símbolo mais importante do Brasil. Seu reconhecimento como um dos principais sítios geológicos do mundo ocorreu durante a 31º International Geological Congress, realizado no Rio, em julho de 2000. Segundo os geólogos, a forma do morro Pão de Açúcar é característica de erosão de rochas granitóides, gnáissicas, migmatíticas, em que a rocha nua fica exposta como grande monolito (grande bloco único de rocha exposto no terreno, homogêneo e sem fraturas, de dimensões decamétricas) com a forma de um seio feminino ou de um pão de açúcar. Bem, aí entram várias teorias para justificar o nome. O historiador Vieira Fazenda, defende a tese de que foram os portugueses que deram esse nome. Foi durante o apogeu do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil (século XVI e XVII), após a cana ser espremida e o caldo fervido e apurado, os blocos de açúcar eram colocados em uma forma de barro cônica para transportá-lo para a Europa. Esses blocos eram chamados de pão de açúcar. Talvez, até, por causa do açúcar feito de beterraba, que era um adoçante muito usado na Europa. Esse adoçante, mais tarde foi substituído pelo açúcar em cubinhos industrializados. Aí, então, seria uma sugestiva correlação feita pelos franceses invasores que diziam “Pot de Sucre”, justamente por causa do tablete de açúcar de beterrada.
Outros dizem que na língua Tupi, “Pau-nh-açuquã” significa “morro alto, isolado e pontudo”. O fato é que o nome Pão de Açúcar generalizou-se, a partir da segunda metade do século XIX, quando o Rio de Janeiro recebeu as missões artísticas do desenhista, Johann Moritz Rugendas e Jean Baptiste Debret que fizeram belos desenhos e gravuras mostrando a beleza do Pão de Açúcar. Mais tarde a fotografia se encarregou de levar ao mundo a mais exótica e monumental pedra símbolo do Rio de Janeiro.
summary
Pão de Açúcar could become a park
There is an environmental movement in Rio de Janeiro calling for the creation of the Pão de Açúcar
Municipal Park (Sugar Loaf). The City Authorities have promised to study the matter.
The Pão de Açúcar peak reflects the very nature of Rio de Janeiro. Surrounded by vegetation typical of a tropical climate, and all of the vestiges of the Atlantic Rainforest, the area also includes many native species which are extinct in other Brazilian coastal areas. The outer reaches of the Pão de Açúcar rock, are located in the Guanabara Bay. Thousands of people drive along the Cláudio Coutinho road which runs alongside the ocean or climb the trails circling the slopes. However, it is evident that since it is set right in the middle of the city it has been difficult to prevent environmental damage. Some of this damage is irreversible. The Ecological Action Group (GAE), responsible for the continued improvements in the environmentally protected area of the mount has been working for over 10 years to reverse the situation and have attempted to create the Parque Natural Municipal do Pão de Açúcar, or Pão de Açucar Municipal Natural Park. Ayrton Xerez, president of the Municipal Environment Council has promised to reexamine the proposal that has been shelved since 1998. The rocky slopes of the Pão de Açúcar mount which feature a Restinga (coastal woodlands) Forest ecosystem and Atlantic Rainforest biomass is the most often visited geological sites in Brazil. Moreover, it has long served as the most important symbol of Brazil to all continents and by all the people the world over.