Gestão das florestas

Estado do Amazonas se protege de grileiros e madeireiros

13 de fevereiro de 2006

Governo do Amazonas bate recorde na criação de Unidades de Conservação em 2005 e lança metas para 2006

O governador Eduardo Braga criou o programa Zona Franca Verde para levar o desenvolvimento sustentado ao interior e se livrar de grileiros e madeireiros


Para o governador Eduardo Braga, mais do que a conservação da natureza, as novas Unidades de Conservação significam um tributo ao desenvolvimento do homem do interior. “Como verdadeiros defensores da floresta, ribeirinhos, extrativistas, caboclos, indígenas e todos que compõem as populações tradicionais do estado, merecem a garantia do direito de uso da terra, para que enxerguem a floresta como fonte de renda e meio de vida a ser conservado para as próximas gerações”, afirmou.         
Com a consulta pública marcada para o primeiro trimestre de 2006, a unidade de conservação em processo mais avançado de criação é a UC de uso sustentável do rio Gregório, na bacia do Juruá, no município de Eirunepé. Com uma área estimada de 462 mil hectares, a unidade possui quatro pólos de comunidades que contemplam 11 colocações de seringais.
Aproximadamente 181 famílias serão beneficiadas com a implantação da unidade do rio Gregório. No total, 1.077 pessoas que hoje trabalham com agricultura de subsistência, em roçados de 2 a 3 hectares com culturas de mandioca e macaxeira, passarão a receber incentivos para o extrativismo sustentável, que  atualmente está no estágio potencial para produtos como: a andiroba, a copaíba, o cipó ambé e cipó titica, a fibra de arumã, e a jarina.
Essas comunidades ainda praticam a comercialização caracterizada pela troca de produtos de primeira necessidade, atividade feita na Casa do Produtor. As comunidades Muxila, Ubin e Lago Grande são pioneiras na parceria com a Secretaria Municipal de Eirunepé que abastece a Casa com mercadorias e recebe em troca os produtos dos comunitários para comercializar.
Para o secretário do Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana, estas novas unidades previstas para 2006 serão implantadas como todas as outras criadas no governo Eduardo Braga, na ótica do Programa Zona Franca Verde. “Estas comunidades serão estimuladas a aumentar sua renda a partir do uso de recursos florestais, como a madeira, óleos vegetais, castanha, borracha e outros que o governo orienta a prática sustentável, com assistência técnica, respeito ao homem do interior e sem degradar o meio ambiente”, disse Viana.


Uso racional da floresta em pé


Segundo a secretária-adjunta da Secretaria de Projetos Especiais, Rita Mesquita, o governo do estado tem priorizado o uso racional da floresta em pé, optando pela implementação de UCs de uso sustentável, o que garantirá o manejo florestal e consolidará o novo modelo de desenvolvimento, gerador de renda familiar às populações tradicionais da Amazônia. As UCs são um mecanismo do poder público que ajuda a controlar as áreas verdes exploradas em determinada região e, com isso, contribuir para que não haja abusos do homem ao utilizar os recursos naturais do estado além de evitar que populações migrem de uma região para outra em busca de melhores condições de vida.
O Amazonas possui hoje 31 UCs – 9% de sua área total – sendo 12 unidades de uso sustentável e 8 de proteção integral. Segundo Rita Mesquita, das unidades criadas, o chamado Mosaico de Apuí, é o que merece na atualidade maior destaque devido o papel significativo que tem na redução do desmatamento no Amazonas. “Teríamos taxas altas de desmatamento não fosse o mosaico, que entendo como uma mensagem clara do governo para os grileiros, no sentido de que não aceitará aqui o que ocorre em outros estados da região”, afirma Rita.    
Artemísia do Valle, do Ipaam, aplaude a iniciativa e diz que o governo está sendo feliz na realização de suas metas. Segundo ela, o estado adquiriu autonomia de trabalho em relação à implementação de UCs. “Hoje não estamos a reboque de nenhuma instituição, pelo contrário, nós é que estamos à frente do processo.


Concurso no Ipaam


Iracema Alencar, presidente do Ipaam, informou que está previsto para o primeiro semestre de 2006 a realização de um concurso do órgão. Segundo ela o objetivo da ampliação do quadro é a descentralização do instituto rumo ao interior. “A medida favorecerá a intensificação das ações de fiscalização no Sul da Amazônia, onde haverá a instalação de sete postos integrados”, explicou Iracema. Estes postos integrados de fiscalização e monitoramento serão de grande importância para o controle do estado sobre as Unidades de Conservação do Amazonas.