Pelo Mundo

Na rota das baleias jubarte

13 de fevereiro de 2006

Pesquisadores brasileiros estão na Antártica estudando as baleias jubarte

O biólogo Enrico Marcovaldi, chefe da Expedição à Antártica, explica que a fotoidentificação, ou seja, foto da nadadeira caudal, é a impressão digital de cada indivíduo. Cada baleia possue um padrão único de pigmentação.


Durante 45 dias, a equipe vai conhecer os hábitos das baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) nos locais de alimentação no Mar de Weddell, suas rotas migratórias no Atlântico Sul e sua relação com as áreas de reprodução. Segundo a diretora do Instituto Baleia Jubarte, bióloga Márcia Engel, estudos genéticos demonstraram que a população de jubartes brasileiras não se alimenta próximo à Península Antártida, mas sim próximo ao Mar de Weddell, nas ilhas Geórgia do Sul e Sandwich. Márcia Engel contou que uma fotografia doada ao Instituto Baleia Jubarte pelo fotógrafo Haroldo Pallo Jr., que em 2004 acompanhava uma expedição do velejador Amir Klink, encontrou a primeira jubarte pertencente ao catálogo brasileiro do IBJ nas águas da Geórgia do Sul. Os estudos de telemetria realizados no mesmo ano também acompanharam o deslocamento de uma baleia desde o Arquipélago de Abrolhos até este local, e no ano passado, um pesquisador da British Antartic Survey fotografou uma jubarte identificada no catálogo do IBJ em 2000. O catálogo do Instituto, que conta com cerca de 3 mil indivíduos fotoidentificados, está entre um dos maiores do mundo. A fotoidentificação, ou seja, foto da nadadeira caudal, é a impressão digital de cada baleia.
A expedição é fruto de uma parceria entre o IBJ e o CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo M. de Mello) da Petrobras, que desde 2004 apóia projetos brasileiros de conservação marinha, a fim de buscar alternativas que minimizem os efeitos da atividade petrolífera sobre os cetáceos e quelônios. O Instituto Baleia Jubarte é responsável pela proteção da espécie no Brasil há 17 anos, em parceria com o Ibama.
Para Márcia Engel, é fundamental conhecer os padrões de deslocamento e todos os locais de permanência destas jubartes, para estudar melhor o impacto da atividade humana sobre o ambiente em que vivem.


Santuário Protegido
Enrico Marcovaldi, Chefe da Expedição, informou que além do levantamento dos mamíferos marinhos e da fauna local, a equipe também fará imagens das ruínas de nove estações baleeiras. A ilha já foi palco de atividades de caça de baleias, onde mais de 20 mil jubartes foram mortas pela caça comercial. “Hoje a ilha é um santuário protegido. Atualmente se reconhece a importância da ilha como testemunha histórica e por seu valor ambiental, como refúgio para aves e mamíferos marinhos”.
Geórgia do Sul é um arquipélago que se encontra a 1.280 quilômetros a Sudeste das Ilhas Malvinas. São basicamente 160 quilômetros de comprimento por 32 de largura. Atualmente a ilha tem a proteção de órgãos responsáveis pela conservação da vida marinha, de acordo com o Tratado Antártico. A pesca é controlada para manter o equilíbrio de espécies de animais que correm perigo de serem extintos.
A diretora do IBJ ressaltou que os resultados da expedição irão contribuir para reforçar estratégias de conservação de grandes cetáceos, como a proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, do governo brasileiro e apoiado por instituições nacionais e internacionais.
Além do chefe da expedição, Enrico Marcovaldi, fotógrafo e cinegrafista,  estarão à bordo do Kotic II os biólogos do Instituto Baleia Jubarte Luíza Pacheco, Clarencio Baracho, Sérgio Cipolotti e Marcos Rossi, e a tripulação composta pelos franceses Oleg Bely, sua esposa Sophie e o filho Igor. O retorno da equipe ao Brasil está previsto para o dia 15 de março.


summary


The humpback whale route
Brazilian researchers are in Antarctica studying the humpback whales


Brazil has made its first expedition to the Southern Georgia Islands to study the humpback whales. The researchers of the Humpback Whale Institute who operate in the south of the state of Bahia, left at the end of January headed for Antarctica, where they will conduct historic work related to humpback whales.  The purpose of this trip is to discover the main feeding grounds of these animals, which migrate every year from July to November to the warm waters of the Bahia State seacoast, to reproduce and nurse their offspring.
The team will study the habits of the humpback whale (Megaptera novaeangliae) for 45 days, in the feeding ground located in the Weddell Sea, their migratory routes in the Southern Atlantic and their relation to the reproductive areas.  According to the director of the Humpback Whale Institute (Instituto Baleia Jubarte – IBJ)  biologist Márcia Engel, genetic studies have shown that the Brazilian population of humpback whales does not feed near the Antarctic Peninsula, but rather close to the Weddell Sea, near the Southern Georgia and Sandwich islands. Márcia Engel remarked that a photograph donated to the Humpback Whale Institute by the photographer Haroldo Pallo Jr., who in 2004 accompanied the expedition conducted by the sail boat sailor, Amir Klink, showed the first humpback whale that belonged to the Institute’s Brazilian catalogue in the waters off Southern Georgia. The telemetric studies conducted the same year also followed the trail of a whale from the Abrolhos Archipelago to this location and last year a researcher of the British Antarctic Survey, photographed a humpback whale also identified in the IBJ catalogue in 2000. The Institute’s catalogue contains nearly 3,000 individuals that have been photo identified and is one of the largest in the world. The photographic identification, i.e., the photo of the swimmer tail fin serves as the fingerprint of each whale.  
Enrico Marcovaldi, Head of the Expedition, informed that in addition to the study of the marine mammals and the local fauna, the team will also take images of the ruins of nine whale stations.  The island was at one time the stage of whale hunting activities and where over 20,000 humpback whales were killed for commercial purposes.  “The island today is a protected sanctuary. Currently the island is renowned for is importance as witness to history and for its environmental value as a refuge to the marine mammals.”