Mineração e meio ambiente

Rio Subaé vivo, o sonho de dona Canô

27 de abril de 2006

Em maio, DNPM faz seminário na Bahia para tratar do fechamento de mina e despoluição de solos.

Dona Canô: para viver muito basta não se martirizar e não se estressar. Mas vale brigar pela salvação do rio Subaé.
Abaixo, fac-símile da Folha do Meio de novembro de 2001.


A contaminação ambiental na região aconteceu durante quase 40 anos, entre 1956 a 1994. Ela foi provocada por cerca de meio milhão de toneladas de escória da Metalúrgica, uma mineradora que funcionou em Santo Amaro da Purificação, e por 4 milhões de toneladas de rejeito de uma mina de chumbo, que havia na cidade de Boquira. Santo Amaro da Purificação está a 100km de Salvador e Boquira está a 600km da capital.
A cidade de Boquira é menos conhecida que a cidade de dona Canô. Nem por isso está menos contaminada e tem menos responsabilidade no drama: era da mina de Boquira que saía o minério de chumbo para a Metalúrgica de Santo Amaro. A cidade de Boquira tem vocação minerária e sua população está empobrecendo cada vez mais, devido à falta de alternativas de exploração econômica.
Segundo o consultor João Salles, está se aguardando a solução para o problema da contaminação da população de Santo Amaro. Já a cidade de Boquira ainda não possui estudos toxicológicos. João Salles explica que estudos realizados em 2001 por alunos de nutrição da USP mostraram que, nas crianças santamarenses, a concentração de chumbo média no sangue era de 30  mg/dl, três  vezes acima do limite de toxicidade. “Isto mostra que, apesar do fechamento da fábrica em 1993, existe na região a contaminação das crianças via inalação de poeira com chumbo e ingestão de solo, bem como a ingestão pela população de frutas e hortaliças cultivadas em locais de solo contaminado e a ingestão de carne e leite de animais criados na vizinhança da fábrica de chumbo”, explica.
A solução para a descontaminação ambiental está aparecendo graças a um esforço multidisciplinar empreendido pela Comissão do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, através de Audiências Públicas, tendo à frente o deputado Luiz Alberto (PT-BA) e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Estão também nesta empreitada os Ministérios Públicos Federal e Estadual, a Universidade Federal da Bahia, algumas ONGs e consultores independentes.
Dona Canô, como escreveu em 2001, sabe que a situação é gravíssima. Em sua carta, D. Canô lembrava que, há meio século, o rio Subaé “era uma beleza”, e recorda que seu filho, em composição famosa, Purificação do Subaé, denunciou a poluição por escória de chumbo, mas infelizmente nada foi feito para mudar o quadro, mas a mãe de Caetano diz que não morre sem antes ver o Rio Subaé vivo.Dona Canô: para viver muito basta não se martirizar e não se estressar. Mas vale brigar pela salvação do rio Subaé.
Abaixo, fac-símile da Folha do Meio de novembro de 2001.