Folha do Meio Ambiente

A serpente seduz, fala, encanta.  As histórias  povoam a imaginação. O Pequeno Príncipe, de Saint Exupéry,  em suas aventuras pelo deserto, encontra um anel cor de lua, na areia. A resposta ao boa noite despretensioso revela a serpente. Bichinho engraçado como um dedo é sua primeira descrição do réptil. Mas a dona cobra, cobra no assunto, rebate “sou mais poderosa do que o dedo de um rei”.
Tanto poder nesse bicho engraçado, fino e serpentino. Poder de vida e de morte. Em dezembro, o jornal Hoje em Dia (07/12/2005) trouxe uma reportagem exótica, intitulada “Cobra sucuri é capturada com bezerro na barriga”. Em épocas de transgênicos e clone, a sugestão estava dada – um ofídio prenhe de um mamífero. O parto foi realizado alí mesmo, na camionete de captura. O natimorto bezerro estava inteirinho, embora com ossos estraçalhados e a pele parcialmente deteriorada. Uma cobra sucuri de 7 metros foi a autora da façanha. Mineiro, cobra no assunto, não matou a bicha.  Após um período de 24horas de observação, a famosa anaconda foi solta no rio Paranaíba, em Capinópolis – MG.
Tempos atrás, Dona Geralda, visitante que observava o recinto das cobras no jardim Zoológico de Belo Horizonte, afirmou categoricamente “a cobra é boa, pois come os ratos, ruim, porque ofende a gente.”. Hoje, ao relembrar esse depoimento, deu vontade de pegar emprestado alguns exemplares de sucuri no Pantanal Matogrossense e levar para Brasília. Sabe para quê? Dizem que por perto do Congresso Nacional há muitos ratos. Mas deixo para você, amigo leitor, que é cobra criada e muito cobra no assunto, responder.
(*) Mônica Meyer é escritora e professora da UFMG

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