Sete rios, sete vidas

27 de abril de 2006

Margi e Gerard Moss vão mergulhar em sete importantes rios brasileiros: Araguaia, Guaporé, Verde, Grande, Miranda, Ribeira e Ibicuí.


Durante 14 meses, entre 2003 e 2004, o piloto e engenheiro Gérard Moss e sua esposa, Margi Moss (foto), fotógrafa e escritora, realizaram a primeira parte do projeto Brasil das Águas. O trabalho gerou um panorama da qualidade das águas doces brasileiras, com resultados que subsidiam a elaboração de um programa de preservação e de conscientização da situação dos recursos hídricos brasileiros.
Agora em maio se inicia a segunda parte do projeto que vai fazer o diagnóstico para conservação dos sete rios escolhidos. São eles:


Rio Guaporé – localizado na fronteira Brasil e Bolívia, é o único rio internacional a ser estudado. Tem grande potencial turístico.
Rio Araguaia – Com mais de 2.000km de extensão, nasce em Goiás e deságua na bacia do Amazonas entre Tocantins e Pará. Será o primeiro a ser estudado e é o de maior potencial turístico.
Rio Verde – Tem mais de 300km de extensão, faz parte da bacia amazônica, mas sofre muita pressão pelo avanço da cultura da soja em Mato Grosso.
Rio Grande – Afluente do São Francisco, é um rio de cerrado que nasce em Goiás mas seu maior percurso é na Bahia. Também é ameaçado pelo avanço da fronteira agrícola.
Rio Miranda – Com mais de 400km de extensão, é afluente do rio Paraguai pela margem esquerda. Suas águas se espalham pelo Pantanal e também está muito pressionado pela expansão da fronteira agrícola.
Rio Ribeira – Sem represas, é um rio essencialmente paulista que deságua no Atlântico. A ação predatória do homem na região tem sacrificado muito o rio Ribeira.
Rio Ibicuí – Deve ser um dos rios mais estudados, pois está muito comprometido pelas plantações de arroz no Rio Grande do Sul. A degradação de seu leito aumenta a cada ano.


Despertando a consciência


Gerard Moss explica que a cada trimestre será realizada uma expedição, percorrendo o rio selecionado. Primeiro utilizando o avião para registros aéreos e depois com os barcos para as coletas e as ações de conscientização junto às comunidades.  Em municípios-chave, haverá encontros com os ribeirinhos, com exibição de vídeos sobre o rio e conversas sobre os benefícios que a conservação pode trazer diretamente para aquela comunidade. “O desafio é despertar a consciência para o potencial sócio-econômico da conservação, que é um fator de sensibilização mais forte. Além disso, vamos mostrar para essas populações imagens de toda a extensão do seu rio, como um sistema integrado e vivo”, diz Gérard.
Apenas o rio Araguaia foi escolhido antecipadamente pela equipe do Brasil das Águas. Os outros seis foram escolhidos por especialistas durante workshop que foi realizado dia 11 de abril, em Brasília.
Segundo Margi Moss a escolha foi baseada no fato que o Araguaia percorre o centro do país, em direção sul-norte, e mora no coração dos brasileiros. É um rio cativante, muito valorizado como espaço para lazer e turismo e pelos trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos na região por ONGs e municípios ribeirinhos. Seu futuro tem que ser discutido com a participação de todos, antes que o desenvolvimento desordenado devaste essa região ainda bem conservada.
Mais informações:
www.brasildasaguas.com.br