Problemas ambientais na fronteira
24 de maio de 2006Nova apreensão de carga de agrotóxico pode situar a fronteira Brasil-Uruguai como porta de entrada do contrabando
Em Livramento o delegado federal Luiz Eduardo Pereira informou que somente neste ano seis inquéritos já foram abertos, num total de 677 quilos de agrotóxicos apreendidos. A delegacia local está investigando, pois toda essa movimentação pode fazer parte de um comércio de produtores rurais que buscam preços mais baratos, ou pode ser um contrabando maior. Toda fronteira é sempre uma porta de entrada para esse tipo de crime. A alegação dos transportadores é sempre no sentido de que não são cargas contrabandeadas, mas buscam a mercadoria para uso próprio, do lado uruguaio, devido o preço compensador. Mesmo assim, os transportadores estão sujeitos à multa do Ibama e da Receita Federal, além da apreensão do produto. O delegado Luiz Eduardo, que está há dois meses em Livramento, não é indiferente a causa ambiental, já que foi transferido de Marabá, no Pará, para esta fronteira. Lá trabalhou com o principal problema da região que são as madeireiras ilegais. Há poucos meses na cidade, surpreendeu-se com o fato de Livramento deter 56 % da área da APA do Ibirapuitã, com o restante da área dividida com Rosário do Sul, Alegrete e Quarai.
Receituário agronômico
Para o engenheiro agrônomo Eloi Luft do Departamento de Meio Ambiente da prefeitura municipal de Livramento, o contrabando ou descaminho desses produtos, além de lesar os cofres públicos, é um grave problema, pois desobriga o uso do receituário agronômico. Esse receituário é importante porque explica como, quando e em que quantidade devem ser usados esses agrotóxicos.
Outra questão já levantada por ambientalistas da região – como Juca Sampaio – é a destinação das embalagens, muitas vezes deixadas ao largo de córregos e rios da região com a conseqüente degradação ambiental e riscos a saúde humana.