Folha do Meio HÁ 16 ANOS

Propostas de Lutzenberger para a Secretaria Nacional do Meio Ambiente de Collor

24 de maio de 2006

Lutzenberger, em entrevista à Folha do Meio Ambiente, fala sobre o Proálcool, incentivos fiscais e metas de trabalho.

Garimpeiros
Para o Velho Lutz, eles também são vítimas da grave situação social do País, mas, ainda assim, é preciso cumprir a ordem judicial, pela qual o Exército deveria ter retirado os garimpeiros das áreas indígenas de Roraima, onde se verifica um verdadeiro genocídio de toda uma etnia. A mais grave e mortal forma de poluição e depredação.


Incentivos Fiscais
O  novo secretário é pela abolição pura e simples de todos os incentivos fiscais em toda a Amazônia Legal: “As grandes fazendas de gado sediadas na Amazônia não merecem o nome de desenvolvimento e o único interesse desses investidores é aproveitar os subsídios, que é dinheiro de toda a população”.


Rodovia Acre-Peru
(BR-364) Lutz mostrou coerência: sempre se manifestou contrário, por entender que a abertura dessa rodovia vai representar uma grave agressão, em termos de desmatamento e de ocupação desordenada, predatória e irracional. A questão dessa rodovia chegou a representar um ponto de divergência com o presidente Collor, no momento em que o candidato a presidente do Peru, Vargas Llosa, anunciou a realização dessa obra, “da parte dos dois novos governos”. Collor, porém, disse a Lutzenberger que o assunto não estava decidido e que merecia novos estudos, inclusive com a participação da Secretaria do Meio Ambiente. Para José Lutzenberger, “os japoneses e chineses querem essa estrada para facilitar a retirada da madeira”.


Proálcool
Nas palavras do novo secretário, o Proálcool tem de ser repensado, pois não é possível que os usineiros, beneficiados com subsídios pagos com o suor de todos, estejam agora usando esses subsídios para produzir e exportar açúcar. “Eles devem ser obrigados a fazer álcool, pois, para isso, receberam os subsídios”, garantiu.


Partido Verde
Para José Lutzenberger, o movimento ecológico é suprapartidário e, por isso, nunca apoiou o Partido Verde, preferindo que todos os partidos já existentes apresentem seus programas para o setor. Seu trabalho também tem sido apartidário.
(José Lutzenberger faleceu em 14 de maio de 2002)


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