Folha do Meio Ambiente

O belo e a harmonia nunca saem de moda. Os tons, os sons e as cores, sim, vêm e vão… entram e saem da moda. Na natureza também existe o belo, o harmonioso, os tons, os sons e as cores. Com uma diferença: estão sempre em moda. Depois de pesquisar, fotografar e gravar os cantos das aves silvestres por mais de 40 anos,  aprendi o óbvio. É o ?Fashion Week? primavera-verão das aves que chega como num festival de canções. Um mundo ?fashion? que se divide em várias etapas.
A primeira etapa chega quando chega a primavera… com cores novas, plumagens intensas e brilhantes, pele viçosa ao redor dos olhos, papos desnudos e coloridos. Uma apresentação de beleza e frescor impressionante.
As aves chegam como se tivessem passado por uma clínica de embelezamento: lindas, canoras e majestosas.
A primavera é para as aves o tempo do encontro e da escolha de parceiros, envolvendo-as na sagrada determinação de perpetuar as espécies. A fêmea se apresenta fogosa e bela. E o macho que não se fizer bonito, atraente e forte vai ficar para ?titio?. Não acasala.
Quem tiver olhos para ver, que veja: a diferença das cores das aves entre o outono e o início da primavera é espantosa.
Como no mundo ?fashion?  dos homens, a cada três gerações de aves de uma mesma espécie também elas mudam a fraseologia, a cadência e até o ritmo musical de seu cantar. Não há duas aves no mundo que cantam exatamente iguais.
Esse é um mistério da natureza. Santo mistério da perpetuação das espécies  e do aperfeiçoamento das gerações através dos tempos.

(*) Johan Dalgas Frisch é empresário, engenheiro industrial e autor do livro ?Aves Brasileiras?.