Expedições ao alcance dos olhos
27 de novembro de 2006Paula Saldanha lança primeira coletânea do programa “Expedições” em DVD
Equipe do Programa Expedições abraça a natureza
Moça Yaualapiti espreme massa de mandioca
PAULA SALDANHA E ROBERTO WERNECK – Entrevista
Folha do Meio – Como foram selecionados os documentários?
Paula Saldanha – São 3 DVDs nesse primeiro volume sobre a Amazônia, com 6 documentários. Para o DVD 1 escolhemos trabalhos realizados no sul da Amazônia, mostrando o contraste de uma área preservada, o parque do Cristalino, e regiões degradadas “SOS Amazônia”, no Arco do Desflorestamento, que foi alvo da Operação Curupira.
No DVD 2, o foco é a população indígena do Xingu. Resolvemos mostrar os Índios Yaualapitis, com o dia a dia na aldeia e uma pesca mágica, onde os peixes voam para dentro das canoas. Incluímos também o emocionante “Xingu de Orlando Villas Bôas”, uma homenagem dos líderes xinguanos ao grande indigenista brasileiro.
Roberto Werneck – Não podemos esquecer que, no DVD 3, colocamos o documentário, em duas partes, realizado em 1994, que deu origem à série Expedições – “Nascente do Amazonas I e II”. Chegar à verdadeira nascente do Amazonas foi uma conquista. Desde 94 pedimos que instituições no Brasil corrijam os mapas e os livros de geografia que ainda mostram um local errado para a nascente, e não informam que o Amazonas é o maior rio do mundo.
FMA – De que forma a coletânea está sendo distribuída?
Roberto – Em livrarias especializadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. O esquema de distribuição para todo o Brasil é mais demorado. Por enquanto, estamos divulgando o nosso site www.expedicoes.tv, para quem estiver interessado.
Paula – Um dos objetivos da Ancine é a distribuição para o mercado. É difícil – mas já contatamos com alguns distribuidores, e temos recebido várias ligações de livrarias de diferentes estados, solicitando a Coletânea, por pedidos do público. O pessoal vê os documentários na TV e quer assisti-los depois, como o famoso cinema em casa.
FMA – Quais são os extras dos DVDs?
Roberto – Apresentamos projetos de pesquisas que estão sendo realizados na Amazônia. Além do Amazing Amazon, mostramos um grande programa de incentivo às instituições da região Norte, que é o Projeto Piatam, com pesquisas em várias áreas do conhecimento, realizadas ao longo do rio Amazonas. São mais de 200 pesquisadores que colhem e analisam dados atuais sobre a situação ambiental e social das comunidades ribeirinhas.
FMA – Como começou o trabalho independente de vocês?
Paula – Eu era apresentadora do Fantástico e do Globinho, na Globo. Roberto era professor de biologia. Tínhamos um sonho antigo de mostrar nosso País na TV. Fui falar com o Boni que a emissora precisava de um programa de meio ambiente. Ele sugeriu, então, que fizéssemos produções de forma independente. Foi aí que tudo começou.
Roberto – As matérias do Departamento de Jornalismo eram feitas com câmeras de cinema e película 16mm. Em 1977, compramos nossos primeiros equipamentos e produzimos a série “Crianças de Todo o Brasil”. Em 1979, produzimos documentários para o “Globinho Repórter”, primeiro programa de meio ambiente para jovens da televisão brasileira e nosso primeiro contrato de produção independente.
Paula – Embora os documentários fossem feitos em película, o ritmo de produção para TV era frenético. Quando chegávamos de viagem, tínhamos que montar, sonorizar e exibir os filmes em apenas seis dias. Mais tarde, a direção do Fantástico incentivou nossas expedições por todo o Brasil. Produzimos várias reportagens especiais, de 1987 a 1992.
FMA – Quantos documentários já foram produzidos por vocês, até hoje?
Roberto – Em película, são cerca de 12 filmes média metragem, 18 filmes curta metragem. Mas em vídeo são centenas de média metragem e mais de mil curtas, em formato jornalístico.
Paula – Durante a vida do programa Expedições, que está há 11 anos no ar, já produzimos mais de 300 documentários entre 60 e 25 minutos. Quase 200 estão disponíveis em nosso site na Internet.
Temática ambiental enriquece grade das TVs
FMA – Vocês foram pioneiros nesse tipo de trabalho na televisão brasileira. Hoje o foco do trabalho ainda é ecologia?
Paula – Os problemas ambientais sempre foram uma preocupação nossa, porque estão completamente ligados aos problemas sociais e econômicos, interferindo na vida das populações. Hoje damos mais destaque às questões sociais e culturais, mostrando como as comunidades podem se mobilizar para melhorar sua qualidade de vida, preservar suas tradições e fazer planos para o futuro.
FMA – Qual a opinião de vocês sobre os novos programas do gênero exibidos na televisão?
Roberto – Acho muito bom que novos programas coloquem o tema ambiental em debate. Os patrocinadores antigamente viam com desconfiança programas que fizessem denúncias sobre meio ambiente. Hoje a coisa mudou. Até emissoras comerciais estão dando destaque para o tema.
Paula – A diversidade de produções e de programação sempre enriquece a grade das emissoras. Novas iniciativas são bem-vindas, para dar mais espaço para as questões ambientais e sociais nas TVs de nosso país.
A Coletânea é um projeto desenvolvido com apoio da Lei Rouanet, via Ancine, com o patrocínio da Petrobras e apoio do projeto Piatam. O primeiro volume é dedicado à Amazônia. A caixa traz 3 DVDs com 6 documentários sobre a região e um livreto informativo:
DVD 1: Cristalino e SOS Amazônia
DVD 2: Índios Yaualapitis e Xingu de Orlando Villas Boas
DVD 3: Nascente do Amazonas partes I e II
Yaualapitis, a dança do Tarauanã
As belas curvas do rio Cristalino por entre a floresta