Balanço ambiental de 2006

Amazônia

20 de dezembro de 2006

A mágica do desmatamento

No ano passado, o Inpe também fez uma estimativa semelhante, mas utilizou 77 imagens, mais do que o duplo das imagens usadas agora, significando que a atual amostragem é 44,7% menor que a utilizada para fazer a mesma projeção em 2005. O governo chegou a divulgar uma estimativa menos otimista, de 16,7 mil km², baseada no sistema Deter, criado para acompanhamento em tempo real, menos preciso. Na visão dos ambientalistas, embora os dados do sistema Prodes sejam produzidos para fornecer o panorama mais confiável do desmatamento, o resultado apresentado não é considerado o definitivo, esperando-se que o dado real seja conhecido ainda no final deste ano.
Os 13,1 km² apresentados pelo governo tiveram uma utilização política criticada pelos ambientalistas: sua apresentação perante os trabalhos de mais uma etapa da Convenção de Mudanças Climáticas (COP), realizada recentemente em Nairóbi, no Quênia.
 Na reunião, a delegação brasileira defendeu a criação de um fundo internacional para compensação financeira de países que conseguirem conter o desmatamento em suas florestas. Os dados, apresentados como uma sensível redução do desmatamento na Amazônia, serviram para fortalecer o argumento dos delegados brasileiros.

Amigos da Terra e da floresta

Em defesa de seus dados, o governo argumenta que as 34 áreas analisadas concentraram, no período anterior, 67% do desmatamento total, indicando que essa amostragem reflete a situação de toda a Amazônia. Mas o diretor da ONG Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, argumenta que "as projeções apresentadas carecem de massa crítica para permitir uma avaliação." Segundo ele, "analisar apenas 34 imagens já é insuficiente como amostragem, mas principalmente, ao extrapolar uma posição a partir dessas 34 imagens, se esquece que o desmatamento migra e, especialmente, ao longo dos últimos anos, não tem reproduzido a distribuição geográfica do ano anterior."
Mas o MMA preferiu comemorar a redução, afirmando que ela é o resultado do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento, lançado em 2004, e à criação de 19 milhões de hectares de unidades de conservação.
Mesmo assim, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), no mês de setembro, somente no Estado do Mato Grosso, foram desmatados 1.120 k² de florestas, com um crescimento de 88% em relação ao mês anterior. Segundo o SAD, 81% da área destruída ocorreu em propriedades privadas.