Balanço ambiental de 2006

Falso dilema de 2006

20 de dezembro de 2006

Esse ano termina com uma discussão que promete tomar conta de 2007: defesa do meio ambiente ou desenvolvimento

Marina Silva: Perco o pescoço mas não perco o juízo.


 


Dilma Rousseff: precisamos destravar o Brasil


 


 


 


 


 


Uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI – criada no Senado, ao apagar das luzes da sessão legislativa de 2006, foi cancelada para ser novamente criada em 2007, desta vez com o apoio do governo.  Pretende-se uma investigação em profundidade da verdadeira inundação de denúncias envolvendo as ONGs, inclusive as ambientalistas.
A CPI da Biopirataria concluiu suas investigações, indiciando 84 indivíduos e instituições por envolvimento no contrabando de recursos genéticos para o exterior.
Mas o ano que se finda marcou também um quase completo desinteresse dos candidatos à Presidência da República nas recentes eleições, sobre os temas ambientais. Em compensação, depois de 14 anos de engavetamento, a Câmara dos Deputados aprovou projeto apresentado em 1992 pelo então deputado Fábio Feldmann, instituindo normas de proteção do que pouco resta da Mata Atlântica.
Já no final da sessão legislativa, o Congresso retirou da gaveta dois projetos importantes que há anos tramitavam sem chance de aprovação. O projeto instituindo legislação de proteção à Mata Atlântica, que estava há 14 anos em debate, e o projeto que estabelece um marco regulatório para o saneamento básico, há 20 anos em discussão.
No âmbito internacional, Brasília sediou o VI Encontro Verde das Américas e a reunião dos ministros do Meio Ambiente dos países de Língua Portuguesa. Em Curitiba, cinco mil pessoas, representantes de 187 países, encontraram-se em torno da 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança – MOP-3) e de temas como identificação, embalagem, manuseio e uso de organismos vivos modificados, além de avaliação, manejo e comunicação de risco. Simultaneamente realizou-se a Conferência das Partes – COP – 8 – órgão executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica. Pelo menos 18 temas fizeram parte da agenda das discussões, alguns de interesse direto do Brasil.
Finalmente em Nairóbi, no Quênia, foi realizada a 12ª Conferência das Partes da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima, com a participação de representantes de quase 200 países. As discussões envolveram a neces-sidade de implementação do Protocolo de Kioto e os impactos das mudanças climáticas no mundo.
E sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas, uma triste constatação: 2006 deve terminar como o 6º ano mais quente da história. Os registros históricos vêm desde 1850.
O levantamento foi feito pela Universidade de East Anglia e pelo Escritório Meteorológico do Reino Unido, país que registrou sua maior temperatura média desde 1659. Os dados computados se referem ao período de janeiro a novembro, mas um mês de dezembro especialmente quente deve manter a média verificada até agora. Os números refletem o fenômeno do aquecimento global.
 Um dado importante é que os dez anos mais quentes da história estão todos concentrados no período de 1994 até agora, com recordes em 1998 (o mais quente) e 2005 (o segundo mais quente). A previsão mais consensual entre cientistas indica que o planeta caminha na direção de um aquecimento médio de mais 2 graus ou 6 graus Centígrados até o fim do século.