Pelo Brasil

Município mais chuvoso do Brasil

21 de março de 2007

O pesquisador da Embrapa confirmou uma precipitação média anual de 4.165 mm.

Anteriormente, a literatura citava a região da Serra do Mar, entre Paranapiacaba e Itapanhaú, em São Paulo, com uma precipitação média anual de 3.600 mm, como o local mais chuvoso do país.
Segundo Daniel Guimarães a falta de dados de re-gistros históricos consistentes e de longa duração limitava esses estudos. A partir da
criação da Agência Nacional das Águas foram organizados bancos de dados contendo milhares de séries históricas em todos os estados da Fede-
ração. “Era natural de se supor que, na Amazônia, estariam os locais de maior pluviosidade”, conclui o pesquisador.
Segundo ele, a caracterização climática de uma região deve-se basear em dados consistentes e coletados por, pelo menos, 30 anos, fato ocorrido recentemente com a estação de Calçoene. O Atlas Climatológico para a Amazônia Legal, elaborado pelo Instituto Nacional de Meteorologia, baseou-se em apenas 100 estações e re-gistros de séries históricas de dez anos. Com essa nova abordagem informações mais detalhadas puderam ser obtidas para a região.
A precipitação em Calçoene é cerca de três vezes maior que a registrada na cidade de São Paulo. Entre janeiro e junho foram registrados mais de 25 dias de chuvas em todos os meses, ou seja, chove quase todos os dias.
No ano 2000 foram registrados quase sete mil milímetros de chuva. A pesquisa também permitiu a elaboração de um novo mapa da precipitação na região Amazônica e mostra que existe uma enorme variação nos padrões de distribuição das chuvas.
HISTÓRIA – As principais atividades produtivas do município de Calçoene são a agropecuária, a silvicultura e o garimpo de ouro. A descoberta do ouro no rio Calçoene culminou com o surgimento de vários conflitos entre brasileiros e franceses de Caiena pela posse da terra, a qual foi, em 1900, anexada ao território brasileiro. A identificação de Calçoene como o local mais chuvoso do Brasil reaquece a recente descoberta de um sítio arqueológico nesse local. O “Stonehenge Amazônico”, espécie de altar de pedras e uma alusão ao complexo monolítico de Stonehenge, em Salisbury, no sul da Inglaterra, é formado por 127 granitos megalíticos alinhados de forma circular, o que lembra um observatório astronômico. Foi construído no período pré-colombiano e, curiosamente, no local de maior incidência de chuvas.