Pássaros no quintal

26 de abril de 2007

No meu quintal, as aves são parte da natureza onde poderão usufruir a liberdade e a certeza de um novo cantar.

Adoro os pássaros em liberdade e gostaria de tê-los pousando em mim e se alimentando em minhas mãos. Isto seria uma rea-lização existencial. Infelizmente, ainda não tenho esta credibilidade, embora alguns se aproximem e demorem mais tempo para se afastar.
 Eles planam no ar, pousam nos fios de luz, descem e fazem do quintal um parque infantil. Quando ventos e chuvas mais fortes os perturbam, aninham-se cautelosamente numa árvore ou beiral do telhado. Passado o agito, esvoaçam sorvendo o arco-íris do terreno. A maioria fica chilreando o tempo todo, indiferentes às condições do tempo.
Muitas das árvores frutíferas tornam-se uma balbúrdia quando eles disputam polpas e sementes, entre bicados e pisoteados.
Os galhos quase não suportam tanta agitação. Ainda assim, o banquete continua para sustento e vida. Ocasiões há em que alguns surgem assustados, escondendo-se entre as folhagens, parecendo desejar garantir a liberdade.
Nas pernas trazem marcas da tirania, anéis que não são de controle, mas de escravidão. Bonito ver as brincadeiras que fazem com as folhas secas caindo das árvores, num pega-pega acrobático e gracioso. Quando a grama é roçada e limpa, se amontoam buscando novos quitutes, fartamente descobertos e saboreados. De muitas cores e formas, parecem desabrochados milagrosamente. Bebedouros com água pura ou açucarada saciam a sede e complementam as gotas serenas da madrugada e da chuva acumulada nas folhas. Bandejas facilitam à busca do alimento, que são saboreados a maneira de cada um.
Seus cantares parecem uma sinfonia de alegria e agradecimento. Enquanto meu quintal existir, será uma parte da natureza onde os pássaros poderão usufruir a liberdade e a certeza de um novo cantar. Se no meu quintal devem pousar, que seja um local afetivo e protetor. Se no meu quintal devem pousar, que haja vida e gorjeio e não morte e silêncio.



“Se no meu quintal devem pousar, que seja um local afetivo e protetor. Se no meu quintal devem pousar, que haja vida e gorjeio e não morte e silêncio”