Conscientização socioambiental
26 de abril de 2007A crise ambiental está ligada à crise cultural
Lucélia Ferrari – [email protected]
As questões ambientais sempre foram de uma forma ou outra defendidas, questionadas, apontadas às vezes por grupos determinados de pessoas interessadas apenas na preservação da natureza, outras por interesses empresariais – como simplesmente adquirir certificados – e outras por medo das conseqüências ocasionadas pela reação da natureza. Enfim, no geral, a questão ambiental é um tema que fascina e preocupa o ser humano.
Urge, nos dias atuais, fazer uma revolução na forma de conscientizar socioambientalmente a população. Tanto na educação formal como na informal. A tarefa não é fácil. Fazer com que uma pessoa se interesse pelo assunto no corre-corre do dia-a-dia é complicado. Hoje, há uma luta pela sobrevivência. Temos que conquistar as pessoas, mesmo que elas estejam envolvidas com família, com estudos, com trabalho, com filhos, com empregados ou com patrões, enfim, temos que passar uma mensagem de sustentabilidade para estas pessoas. Seja nas ações diárias, como mudança de hábito com o simples ato de separar o lixo doméstico, seja na economia de recursos naturais, de energia, de água ou até, mesmo, em ações que envolvem ética e solidariedade humana.
O Poder Público, as ONGs, OSCIPs, eu e você, devemos montar estratégias para que a conscientização chegue também à periferia. E não apenas pelos meios de comunicação. Nem sempre as pessoas podem ter acesso a jornais e revistas.
A verdade é que meio ambiente só chama atenção da mídia quando é desastre, crimes e incêndios florestais. Imagens fortes fazem mídia. Se tudo vai bem ou, mesmo, se o trabalho é pela conscientização, pela mudança de padrão de fabricação ou consumo e pela sustentabilidade aí, sim, o tema fica longe da mídia.
Louve-se aqui, é bom lembrar, a mídia ambiental mas que é esquecida e vive sem apoio empresarial e governamental.
Quando algumas questões ambientais são levadas para uma sala de aula (educação ambiental formal), nem sempre as mesmas são bem vistas pelos educandos devido a pouca ou nenhuma relação em que o mesmo observa à sua vida. Um exemplo concreto é quando se explica aos alunos questões relacionadas à nossa flora e fauna.
Para um aluno que mora no centro urbano ou uma grande metrópole o que ele mais vivencia são enormes arranha-céus, outdoors, “vacas em caixinhas de tetra pak”, enormes esgotos a céu-aberto. A única fonte de água que pode ver facilmente é a que sai pela torneira.
Para o aluno que mora nas áreas rurais, a vivência com a natureza é mais física. Ele é capaz de aprender coisas que talvez o professor nunca explicará, não por falta de conhecimento, mas porque nem sempre ou quase nunca se investem na formação adequada do professor.
Faltam informação e educação mais profissionais. Mas mesmo assim, esse aluno é capaz de vivenciar o canto dos pássaros, o cheiro da terra, banhar-se em águas límpidas, ver peixinhos nadando.
O aluno que mora em uma área verde ou, até mesmo, numa favela, os únicos bichos que encontra são os que lhe colocam medo, como ratos e baratas. Então como trabalhar o meio ambiente com uma diversidade tão contundente como esta? Como fazer que os alunos se conscientizem das questões ambientais?
Primeiro, é preciso entender que educação ambiental não deve ser encarada como uma disciplina fixa. Ela faz parte de um tema transversal e deve ser trabalhada de maneira interdisciplinar. Segundo, não podemos mais trabalhar o meio ambiente somente nas questões relacionadas à natureza propriamente dita. Devemos, a cada dia, ter uma visão ampliada do meio ambiente. É importante globalizar o tema no dia-a-dia da vida: no trabalho, no lazer, no escritório, em casa, nos parques, nas rodovias, na igreja e até nas relações de vizinhança.
A cultura é um importante meio para se defender e valorizar o meio ambiente. Valorizar o natural, a paisagem e o meio ao qual o ser humano imprimiu marcas de suas ações e formas de expressão têm que ter destaque na vida de cada um. Faz parte da interação do homem com a natureza.
Vale destacar que a crise ambiental está ligada à crise cultural.
Louve-se aqui, é bom lembrar, a mídia ambiental mas que é esquecida e vive sem apoio empresarial e governamental.