Knut: o ursinho pimpão

25 de abril de 2007

Ursinho polar rejeitado pela mãe torna-se símbolo internacional contra o aumento da temperatura e da Conferência Mundial sobre Proteção das Espécies

Knut é o verdadeiro ícone de resistência


 


 


O irmão de Knut não resistiu. Mas ele sobreviveu graças ao empenho do funcionário do Zoológico de Tiergarten, em Berlim, Thomas Dörflein, e hoje é símbolo internacional de uma campanha pela vida no planeta.
Com apenas três meses, Knut re-gistrava mais de 16 mil buscas no site de pesquisa Google, em qualquer país e em qualquer idioma, rivalizando com símbolos de outras épocas e que viveram muitos anos, como Fliper, o golfinho da série de TV, e Lessy, a cadela do cinema. A sobrevivência de Knut, apesar do ativista alemão de defesa dos animais Frank Albrecht preferir que ele fosse sacrificado já que havia sido rejeitado pela mãe, mereceu citação até mesmo no site do Centro de Bioética de São Paulo (CremeSP), que deu destaque ao conflito de discursos. Em pouco tempo o filhote branquinho desencadeou uma “knutmania” e um “boom” comercial.
Quando foi apresentado à imprensa e ao público no dia 23 de março, Knut provou uma corrida aos quiosques que ofereciam cerca de 2.400 ursinhos de pelúcia que o zoológico colocou à venda depois de patentear a marca. Outros 10 mil brinquedos já estão à disposição dos fãs. A marca Knut também vende camisetas, CDs e DVDs, toques polifônicos e fotografias para celulares.
A gravadora Pool Music lançou no mercado seis mil singles da música em alemão “Knut is gut” e estão sendo providenciadas versões em italiano, inglês e francês.
O zoológico de Berlim decidiu proteger a marca Knut para evitar que empresas façam negócios às custas do ursinho .


Espécie ameaçada
O ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, decidiu apadrinhar oficialmente o filhote e o usará como símbolo das conseqüências da mudança climática e da próxima Conferência Mundial sobre Proteção das Espécies, em 2008, em Bonn.
Além disso, o ministério assumirá por um ano o custeio completo da alimentação de Knut e o atendimento de saúde, prestado pelo veterinário André  Schüle. Ao completar um ano de vida, Knut estará pesando cerca de 100 quilos e poderá chegar a 600 quando adulto.
O urso polar é a espécie mais ameaçada de extinção em conseqüência do aquecimento global. Algumas projeções indicam que a superfície do Oceano Ártico ficará 12 graus mais quente quando todo o gelo da calota derreter, alterando dramaticamente o clima e a vida no Hemisfério Norte, segundo o pesquisador australiano Tim Flannery, autor do livro “Os Senhores do Clima”.
O poder midiático de Knut é tanto que a revista norte-americana “Vanity Fair” decidiu publicar uma edição ecológica tendo na capa o ursinho e o ator Leonardo Di Caprio. O ator é destaque na matéria de capa porque é o autor e o produtor do documentário “The 11th hour”, sobre as conseqüências das mudanças climáticas e como reverter a situação. O filme deve estrear em novembro.
A sobrevivência de Knut em situação tão adversa, serviu para mostrar ao homem que tudo é possível quando se deseja alguma coisa. Mesmo sem mãe, o ursinho resistiu e sua vida chama a atenção para a ameaça à sua própria espécie e de todo o planeta, em conseqüência das alterações climáticas. Knut, mais do que um ursinho pimpão, é a verdadeira matáfora do bem contra o mal.