Semana do Meio Ambiente

Meio ambiente volta à cena

18 de junho de 2007

Depois de anos de ostracismo, as questões ambientais voltam à mídia e ocupam espaços nas editorias de Economia e Política dos jornais.


Os problemas ambientais não sumiram do noticiário
porque foram resolvidos. Sumiram porque a mídia
não deu mais importância a esta pauta.


No Rio de Janeiro este grupo fundou comunidades alternativas em vários locais, mas no município de Mauá elas sobreviveram. Outro exemplo vitorioso aconteceu na região da Chapada dos Veadeiros, no Planalto Central, com o movimento Rumo ao Sol, cujos participantes criaram comunidades no município de Alto Paraíso e muitos ainda vivem por lá.
Na década de 80, a mídia percebeu um certo movimento ecológico, um novo clamor e uma orientação clara das Nações Unidas para que fossem adotados hábitos saudáveis de modo a diminuir a poluição no planeta. Alguns veículos de comunicação criaram novas editorias e até cadernos especiais, como o Jornal do Brasil, Estadão, Folha de São Paulo, O Estado de Minas e O Globo, com os nomes de Meio Ambiente ou Ciência e Tecnologia. Depois foi a vez das TVs e, por último, houve a adesão das rádios comerciais- o sistema Radiobras já realizava a cobertura de temas ambientais.
Logo em seguida, o Brasil se preparou para ser sede da conferência internacional da ONU sobre meio ambiente, a RIO-92. Quem comandou a grande foi conferência foi o governo do presidente Fernando Collor de Mello. Mas quem conseguiu trazer a RIO-92 para o Brasil foi o então presidente José Sarney, que designou um diplomata eficiente e de prestígio para a missão: o embaixador Paulo de Tarso Flexa de Lima, então Secretário Geral do Itamaraty.
Fernando Collor, ousado, mas um político jovem e inexperiente, conseguiu comandar o maior evento ambiental até hoje realizado no mundo, mesmo sofrendo grandes ataques da mídia. Seu governo estava abalado por terríveis denúncias provocadas pela ação de seu irmão, Pedro Collor, e de seu tesoureiro de campanha, PC Farias.
Por conta da RIO-92 e também pela ousadia de Fernando Collor em chamar um verdadeiro ícone internacional do setor, o gaúcho José Lutzemberg para coordenar a Secretaria Nacional de Meio Ambiente, o País passou a ocupar um espaço fantástico na mídia local e mundial.
Foi o período em que mais reportagens ecológicas foram publicadas no Brasil. O Estadão foi um dos jornais da grande imprensa que mais publicou reportagens sobre meio ambiente e investiu em repórteres com perfil para o tema.


Day after da RIO-92
A grande conferência da ONU deixou um forte resíduo na cabeça das pessoas. Mas, pouco a pouco, a mídia foi partindo para outros temas. E mais: muitos veículos de comunicação estavam endividados com a compra em dólar de modernos equipamentos no exterior. Politicamente, o governo Collor começou a fazer água, os assuntos relacionados a Economia e a Política tomaram conta do noticiário, as redações dispensaram repórteres e a cobertura sobre meio am-
biente sumiu dos veículos impressos. Apenas as TVs mantiveram sua programação, como a Globo, com o espaço Globo Ecologia e Globo Rural.
Os problemas ambientais não sumiram do noticiário porque foram resolvidos. Sumiram porque a mídia não deu mais importância a esta pauta. Mas, os pesquisadores e as organizações internacionais continuaram atentas. Assim, nesta semana do meio ambiente de 2007, em mais de 100 países foram realizados diversos eventos para mostrar a necessidade urgente que todos nós temos de reverter o aquecimento global. Este ano o grande tema foi “Mudanças Climáticas”.


Ecologia é economia
Alterações no meio ambiente têm influência econômica


A comentarista de economia das Organizações Globo, Miriam Leitão, abordou a questão ecológica em sua coluna Panorama Econômico do dia seis de junho. Reproduzimos parte do texto que a jornalista escreveu:
“Tratada como assunto lateral, a ecologia assumiu tal proporção que mudou a maneira de fazer negócios: empresas que vivem do combustível fóssil são as primeiras a anunciar uma nova era de baixo carbono, porque sabem que morrerão se não o fizerem.
Empresas petrolíferas são as primeiras a iniciar o esforço para lavar a imagem.
Não querem mais ser conhecidas como empresas de petróleo e, pó isso, reciclam sua imagem como compa-nhias de energia. Anúncios ligando-as à energia limpa multiplicam-se em publicações internacionais.
Segundo a revista The Economist, de 2005 para 2006, subiu de US$ 28 bilhões para US$ 71 bilhões o total de investimentos em tecnologias menos poluentes. O que parecia tempos atrás um custo -a redução das emissões- virou fonte de negócios, impulso para investimentos, movimento econômico.
O meio ambiente salva também a economia brasileira ao introduzir novos parâmetros de negócios e um grande produto para oferecer à economia local e internacional: os biocombustíveis.
 Como o mercado, para eles, surge a partir da necessidade de redução de emissão de carbono, evidentemente, a maneira de produzir está sob escrutínio do consumidor.
 As necessidades ambientais hoje são um importante disciplinador da economia brasileira: servem de estímulo para a atuação correta e podem ajudar a superar velhos desvios. Empresa que direta ou indiretamente incentiva a destruição da floresta amazônica perderá a reputação e, em seguida, os clientes.