Folha do Meio Ambiente

Os mais prejudicados com as alterações de temperatura serão os países pobres. As populações do chamado terceiro mundo, que convivem com a escassez de alimentos ou com uma minguada distribuição de grãos, enfrentarão inundações e secas que vão dizimar lavouras e rebanhos. Como estas populações não contam com áreas para estoque de produção, não terão de onde tirar seu sustento.
As mudanças climáticas são provocadas, basicamente, pelos países industrializados, que geram calor e poluição para manter sua economia funcionando. Estes paí-ses industrializados, globalizados e informatizados têm tecnologia e conhecimento para produzir e estocar alimentos por muitos anos. Eles não passarão fome. E é muito provável que comercializem seus estoques a preços exorbitantes para a parte pobre do planeta Terra.
A discussão, então, deixou o âmbito ecológico para ocupar espaços de debate em cadernos de Economia e de Política. Este ano, as principais mídia dedicaram-se ao tema publicando cadernos espe-ciais no Dia Mundial do Meio Am-biente onde abordaram as implicações de ordem econômica/política no mundo em conseqüência das alterações ambientais na Terra provocadas pela ação do homem.
Até na entrega do Oscar o meio ambiente teve seu espaço como ator principal. Os ambientalistas de todo o mundo comemoraram em fevereiro os dois prêmios Oscar dados a “Uma Verdade Inconveniente”, escolhido como melhor documentário, e à canção I Need to Wake Up, de Melissa Etheridge, eleita a melhor entre todas as concorrentes. O documentário é baseado nas conferências do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, sobre o aquecimento global, e que também participou da ce-rimônia de entrega do Oscar ao lado do ator Leonardo Di Caprio.

Regiões polares: Tema mais quente para 2008

As principais celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, sobre mudanças climáticas, foram realizadas em Tromso, na Noruega. Na cidade estão loca-lizadas as principais instituições de pesquisa do mundo, entre elas o Instituto Polar. No ano passado, a celebração chamou a atenção para as zonas desérticas do planeta. Para 2008, o tema escolhido é “Impacto Ambiental nas Áreas Polares”. Os pólos, e em conseqüência sua fauna e flora, serão as mais pre-judicados com as mudanças climáticas.
A ministra do Meio Ambiente da Noruega, Helen Bjornoy, disse que “a poluição também é um problema que receberá muita atenção durante todo o ano, porque está associada a tecnologias de produção já ultrapassadas”.
O vice-diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma, Shafquat Kakahel, explica porque as áreas polares foram escolhidas como tema para 2008: “As regiões polares estão entre os lugares mais bonitos do mundo e essas regiões alertam o mundo quando há problemas am-bientais graves; isto é, onde os sinais aparecem primeiro. Além disto, o Ártico está se tornando uma região interessante em relação ao petróleo, a indústria naval e ao tu-rismo. Os povos indígenas do Ártico estão muito vulneráveis”, conclui Kakahel.
O principal alimento de ursos e populações tradicionais do Ártico, que são os pei-xes e as focas, já começam a rarear em decorrência do aquecimento global. Além das regiões polares, pequenas ilhas tropicais do Pacífico também sofreram com o aumento da temperatura e foram inundadas. (MT)