Preservação

Mata do Krambeck

20 de julho de 2007

Um desafio na preservação da Floresta Atlântica, em Juiz de Fora

Depois de ter sido considerado uma Área de Proteção Ambiental, a Mata do Krambeck passou a ser cobiçada pelos empreendimentos imobiliários. A próxima reunião do Copam Central deve decidir sobre as licenças ambientais.


 


 


A Mata do Krambeck já conteve 374 hectares, formada pelos sítios Malícia, Retiro Novo e Retiro Velho. Em 1992, a lei estadual n° 10.943 passou a considerar toda a mata como área de proteção ambiental (APA). Um ano depois, a lei n° 11.336 foi aprovada e retirou o sítio Malícia da APA Mata do Krambeck. Esse desmembramento foi feito sem nenhum parecer técnico ou consulta pública.



Em 2001, a Carmel Empreendimentos Imobiliários comprou o sítio Malícia e, em 2003, deu início ao processo de licenciamento ambiental para a construção do Residencial Parque Brasil. Desde então, a ONG de proteção ao meio ambiente AMA/JF vem chamando a atenção dos meios de comunicação para o impacto ecológico que a empresa causaria na mata.


Influências na floresta
 A professora de botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora, Regina Salimena, diz que ainda faltam estudos mais aprofundados para diagnosticar as possíveis influências do condomínio na floresta, e preferiu não se posicionar em relação ao empreendimento. Mas, em um seminário sobre a APA, ressaltou que a área tem um enorme potencial para pesquisa. “Com o tamanho da mata, é muito provável encontrarmos novas espécies da fauna e flora”, explica.
Segundo a professora, o bioma Mata Atlântica é o quarto mais ameaçado do mundo. Cerca de 96% da porção inicial da mata já teria sido devastada, e o pouco que resta está espalhado em pequenos fragmentos pelo Brasil.
 O representante da EFE Arquitetura e Urbanismo, empresa responsável pela implantação do condomínio, garante que existirá um grande esforço para preservar a floresta.
O projeto prevê a edificação das 72 casas em 6% dos 80 hectares do sítio, numa área de menor densidade arbórea.
Em contrapartida, 16% do território, que está deteriorado por voçorocas , seria recuperado, e outros 41% do sítio seria transformado em RPPN-Reserva Particular de Patrimônio Natural. A empresa de arquitetura também pretende desenvolver um programa de educação em parceria com a Polícia Ambiental para integrar ambiente e cidadão.


Defesa radical
 Leonardo Alcântara, integrante da ONG de meio ambiente PREA, teme que a construção do condomínio abra precedentes para ou-tros empreendimentos na Mata do Krambeck e áreas vizinhas “A destruição da Floresta Atlântica no Brasil foi radical e a sua defesa também deve ser radical. Não vejo a relevância de mais um condomínio de luxo justamente numa área ameaçada”, diz o ambienta-lista.
O Conselho Municipal de Meio Ambiente de Juiz de Fora concedeu a licença prévia para a construção das residências em janeiro deste ano.  No entanto, em fevereiro, o processo foi transferido para o Conselho Estadual de Política Ambiental – Copam Central.
A entidade criou um grupo de trabalho para ana-lisar o caso e fazer estudos ambientais. A partir do parecer desse grupo, ficará decidido se a licença será julgada no âmbito municipal ou estadual.
A Promotora de Justiça do Estado, Shirley Fenzi Bertão, pediu vistas ao processo e deverá apresentar suas conclusões na próxima reunião do Copam, ainda sem data definida.