Lugar de ver Deus

Lençóis Maranhenses disputa título 7 Maravilhas Naturais do Mundo

22 de agosto de 2007

Entre as Maravilhas Naturais do Brasil, o Parque dos Lençóis ficou com a primeira colocação, obtendo 30% dos votos.

Fotos: Silvestre Gorgulho


As dunas e as lagoas de águas cristalinas fazem dos Lençóis Maranhenses um ecossistema único no mundo 


 


A escolha da maravilha natural brasileira foi feita numa enquete realizada pela Revista Época, da Editora Globo. A votação ocorreu entre os dias 28 de julho e 2 de agosto, sendo que 4.040 internautas votaram entre as sete opções indicadas.
Os Lençóis ficaram com a primeira colocação, obtendo 30% dos votos. Em segundo lugar ficou o arquipélago de Fernando de Noronha, com 19%, e em terceiro a Floresta Amazônica, com 17%. Além desses três, disputaram o título as Cataratas do Iguaçu (14%), a Gruta do Lago Azul em Bonito (9%), o Pantanal Matogrossense (6%) e a Chapada Diamantina (5%). Agora os Lençóis Maranhenses disputarão com outros 20 atrativos naturais selecionados em todo o planeta a eleição das Sete Maravilhas Naturais do Mundo.
O concurso mundial é promovido pela Fundação New Seven Wonders, da Suíça, que também patrocinou a última eleição na qual o Cristo Redentor foi incluído entre as 7 Maravilhas do Mundo Moderno.
A nova votação para selecionar os sete monumentos naturais do planeta se estenderá até o dia 8 de julho de 2008. O Parque dos Lençóis Maranhenses foi criado em 2 de junho de 1981 e atrai turistas do mundo inteiro. Com seus 155 mil hectares, o local ocupa uma área de 270km de dunas, formadas a partir da combinação dos ventos, que chegam a atingir 70km por hora.
No clima quente da região, com temperaturas que variam entre 38ºC (máxima) e 16ºC (mínima), as dunas atingem até 40 metros de altura.
Na qualidade de unidade de conservação federal de proteção integral, o parque é administrado pelo Ibama e sua visitação pública é regulamentada pelo Plano de Manejo por meio do zoneamento e das regras de uso da área.


Muitas dunas, Sol e lagoas deram aos Lençóis Maranhenses 30% dos votos


 


 


Preguiças, as belezas de um  rio que mais parece lago


Preguiçosamente as águas do rio Preguiças
chegam ao mar por entre dunas e manguezais


 


 


Barreirinhas é o portal do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. O nome Barreirinhas surgiu em função de muitas barreiras e dunas existentes na área. Aos visitantes, além dos Lençóis há algo tão belo para se apreciar: o rio Preguiças, que é o mais importante da região.
O Preguiças nasce no povoado de Barra da Campineira, município de Anapurús, e percorre 120 km até sua foz, entre Caburé e Atins.
De Barreirinhas até o mar, o rio preguiçosamente serpenteia por 42 km, quando em linha reta são apenas 16 km. Tranqüilo, caudaloso e muito bonito, o Preguiças apresenta uma dúvida à primeira vista: para que lado ele corre? Foi a pergunta que fiz a um dos principais operadores do turismo em Barreirinhas, Bernardo Marconi, 40 anos, que opera barcos, Toyotas e tem todas as informações sobre o lugar. A resposta surpreende:
Olha, agora o rio Preguiças está correndo pra lá…
– Como assim?
– É que o rio é muito calmo. Quando a maré sobe, o rio volta…. quando a maré baixa, o rio aproveita corre para o mar…


Alerta
Mas a verdade é que indo ou voltando, o Preguiças é muito bonito e mais parece um rio-lago. Não dá para perceber nitidamente para onde ele corre. O fato é que margeando dunas e manguezais, o rio Preguiças tem uma bela mata ciliar e é outra maravilha de Barreirinhas. Mas vale lembrar e alertar: a nova rodovia (250km) que liga São Luiz a Barreirinhas facilitou muito o acesso ao Portal dos Lençóis. Antes do asfalto, eram oito horas de uma dura viagem. Hoje são no máximo três horas de uma viagem tranqüila.
A rodovia trouxe investimentos, aumentou o turismo e está provocando uma verdadeira revolução na cidade. O crescimento é da noite para o dia. O adensamento urbano, a questão do saneamento e disposição final do lixo, a construção de muitas casas de veraneio e de pousadas à beira do rio acaba por ser preocupante. Se tudo isto não obedecer uma ordenação efetiva, com certeza problemas sérios virão e vão colocar em risco o ambiente e a vida do Preguiças.


Caburé e a foz
Ao desaguar no Oceano Atlântico, o rio Preguiças se abre em braços de praias onde tem alguns povoados: do lado esquerdo, está Mandacaru, onde tem o Farol de 45 metros de altura, construído em 1944, para direcionar a navegação em Atins. À margem direita, estão os povoados de Alazão, Vassouras, Caburé e Brasília.
Em Caburé, entre as praias do rio Preguiças e as praias do Atlântico, numa distância que não passa de 800 metros, estão estabelecidas várias pousadas e restaurantes.
Outra coisa interessante, é que à esquerda do rio Preguiças está o Parque dos Grandes Lençóis e à direita o chamado Pequenos Lençóis. Não fosse o rio, com sua vegetação, seus manguezais e sua história, não haveria esta separação. Por falar em manguezais, vale destacar os três tipos de mangues: o vermelho (Rhizophora mangle) que os ribeirinhos utilizam muito para retirar uma tinta vermelha para colorir seus artesanatos; o mangue-branco (Laguncularia racemosa) e mangues-siriuba (Avicencia tomentosa).  (SG)


Lençóis Maranhenses, lugar de ver Deus
O Parque dos Lençóis é um convite à contemplação e à aventura


A natureza brasileira é tão exuberante e a biodiversidade tão fantástica que, no Brasil, até deserto tem água. E muita água. Areia branca e água cristalina formam um dos ecossistemas mais belos da costa nordestina, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Visto de um avião, a dois mil metros de altura, o parque parece um imenso lençol estendido por mais de 100 km de extensão da costa atlântica do Maranhão e avançando 50km continente adentro. E, acredite, um lençol estampado por incontáveis piscinas azuis intermediando as alvíssimas dunas. Maravilha? É pouco! Ao pôr-do-sol, os Lençóis Maranhenses seriam como um altar de rara beleza a reverenciar os Céus. Não há outra explicação: o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é lugar de ver Deus.


Características
Uma característica dos Lençóis: as lagoas maiores permanecem, mas algumas menores vão secando com o tempo da seca, voltando a encher no início das chuvas, em março. Mas o curioso é que as dunas vão mudando. Uma nova vista a cada dia, marcada pelo contraste entre dunas e lagoas. O vento se encarrega de levar e trazer a areia, de fazer e desfazer dunas e de mudar o cenário a cada instante.
Outra característica interessante é que num lugar aparentemente desértico, deveria haver pouca diversidade biológica. Mas é só aparentemente. Além de diversas espécies de tartarugas-marinhas, existe uma rica fauna microscópica que cumpre papel fundamental na alimentação e reprodução de animais e aves.
A região mais próxima da costa abriga aves migratórias e animais ameaçados de extinção, como a tartaruga marinha gigante. (SG)