Sustentabilidade pioneira

Empresas comunitárias da floresta

22 de agosto de 2007

Empresas comunitárias nas florestas tropicais querem igualdade de direitos para competir no mercado mundial

O evento trouxe ao Brasil 250 representantes de mais de quarenta países entre comunidades, ONGs e governos com o objetivo de discutir o futuro das empresas comunitárias de base florestal. A conferência teve apoio da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), governo federal e governo do Acre. A realização foi da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO) e Rights and Resources Initiative.
 Durante cinco dias, os participantes discutiram os problemas enfrentados pelas comunidades que vivem nas florestas dos três continentes. Falta de acesso legal à terra e a financiamentos; excesso de burocracia e distância dos mercados sufocam as comunidades florestais em todo o mundo.
Segundo o relatório, as comunidades florestais são responsáveis por cerca de 370 milhões de hectares de florestas nativas, garantido serviços ambientais como o clima, a água, diversidade das espécies e belas paisagens dos quais toda a comunidade internacional se beneficia.


 Indíos, extrativistas e quilombolas
As empresas florestais comunitárias, diz o estudo, representam nada menos do de que 110 milhões de pessoas, entre indígenas, extrativistas e quilombolas. Mesmo frágeis e sem recursos técnicos, tecnológicos e financeiros, elas movimentam US$ 2, 5 bilhões/ano em negócios relacionados ao uso sustentável de madeira, castanhas, óleos, frutos, resinas, palhas, mel e outros produtos. É o segmento do mercado florestal que mais cresce em todo o mundo. Mesmo assim, essas empresas travam uma batalha diária contra as barreiras impostas principalmente pelos governos nacionais e locais.
 “Regras extremamente rígidas para as comunidades, altas taxas de impostos e lentidão nos processos de autorização estão impedindo a nossa sobrevivência”, disse o líder da Federação das Comunidades Florestais do Nepal (Fecofun), Ghan Shyan Pandey. A declaração do representante asiático ecoa nas florestas da América Central.
Do Panamá, veio o clamor do representante da Empresa Florestal Comunitária Tupiza, Franklin Chaqui: “as comunidades estão isoladas e os governos precisam ter políticas definidas e efetivas para nós. Caso contrário, as florestas irão parar nas mãos de quem não tem o mesmo compromisso que nós, habitantes seculares desses bosques”.
 A conferência de Rio Branco entrará para a história das empresas florestais comunitárias. “Esse encontro mostra o grande poder e o potencial para salvar as florestas e evitar uma verdadeira tragédia humana”, disse Augusta Molnar, da RRI.
 
Entre as recomendações feitas pelas comunidades ao final do encontro estão:
 
  Trabalhar em conjunto para garantir que o acesso legal à terra e aos recursos naturais esteja garantido em leis e Constituições dos países;
  Exigir dos governos linhas de financiamento exclusivas para os comunitários;
  Adotar ações de combate à pobreza, justiça social e políticas de inclusão;
  Suspensão imediata das altas taxas cobradas pelos governos em relação às empresas florestais comunitárias;
  Buscar ajuda econômica e administrativa para chegar aos mercados consumidores com produtos sustentáveis;
  Criação pela ITTO de fundos específicos para financiar as organizações comunitárias e as atividades de preservação e manejo das florestas tropicais.