Folha do Meio Ambiente

Al Gore dividiu as honras e o Prêmio Nobel com mais de 2.500 cientistas do IPCC, dos quais 25 são brasileiros. Gore receberá US$ 750 mil e cada cientista 300 dólares.

O interesse de Al Gore pela ecologia vem desde 1990, quando foi reeleito como senador democrata pelo Tennessee. Antes de ser vice-presidente dos Estados Unidos durante o mandato de Bill Clinton (1993-2001). Mas o verdadeiro reconhecimento chegou após a estréia no ano passado do documentário “Uma Verdade Inconveniente”, premiado como melhor documentário na última cerimônia de entrega do Oscar pela Academia de Hollywood. O documentário descreve as graves conseqüências do aquecimento global.
O filme invoca os estudos científicos que advertem que o aquecimento global gerado pelas emissões de gases poluentes causará uma mudança climática que acabará com a vida atual tal como a conhecemos, a menos que esta contaminação seja detida.
Al Gore está com 59 anos. Foi candidato à Casa Branca nas conturbadas eleições presidenciais de 2000, disputada com o atual presidente George W. Bush. A polêmica foi porque ele foi vencedor no voto popular (teve 300 mil votos a mais) e perdeu no voto dos delegados, tendo o estado da Flórida – onde era governador o irmão de Bush – protagonizado uma série de irregularidades.
Al Gore, pelo Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, recebeu na Espanha o Prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional. Justificativa: pela sua decisiva contribuição para o progresso na solução dos graves problemas da mudança climática.
Em 1991, pouco antes da RIO?92 – Conferência da ONU no Rio de Janeiro – na qual compareceu, Gore havia lançado o livro “Terra em Balanço: Ecologia e o Espírito Humano”. No livro ele fala sobre grandes mudanças ecológicas necessárias para enfrentar o século XXI.
Al Gore, nascido na capital americana no seio de uma família de políticos do Tennessee – seu pai também foi senador -, iniciou sua carreira política em 1976, quando foi eleito representante deste estado ao Congresso dos Estados Unidos.
Militante do Partido Democrata, Gore vive atualmente um de seus momentos de maior popularidade graças a seus interesses ambientais. Alguns pensam que estas últimas condecorações poderiam sustentar uma possível tentativa de Gore de voltar à Casa Branca em 2008, mas por enquanto, e apesar de que há gente que quer apoiá-lo, como o ator Leonardo Di Caprio, Gore pensa em continuar trabalhando passo a passo para que sua mensagem em favor do meio ambiente chegue à sociedade.

Doação do Prêmio
Al Gore informou que conversou com sua esposa Tipper e vai doar 100% do prêmio à Aliança para a Proteção Climática, uma organização independente sem fins lucrativos dedicada a mudar a opinião pública nos Estados Unidos e o mundo sobre a urgência de resolver a crise climática.
Recompensado com o Prêmio Nobel da Paz, o ex-vice-presidente Al Gore talvez venha agora a reconsiderar sua decisão de se afastar da política e se relançar à corrida pela Casa Branca, sete anos depois de sua polêmica derrota para George W. Bush em 2000.

Presença na mídia
Ao popularizar o problema do aquecimento global com seu documentário “Uma verdade inconveniente”, Al Gore tornou-se onipresente na mídia mundial, com fortíssimo eco na imprensa norte-americana.
Os megaconcertos “Live Earth”, nos quais participaram dezenas de artistas de renome internacional, projetaram a imagem de Gore em todo o planeta.
Classificado por seus seguidores como “o ex-vice-presidente dos Estados Unidos mais na onda”, ele insiste que não se deseja lançar a uma nova campanha, que está desencantado da política, onde os candidatos devem limitar suas mensagens a frases feitas para os telejornais. No entanto, não fechou totalmente a porta para esta possibilidade: “Não descarto, mas não creio que seja possível que aconteça”, afirmou.

O prêmio
O Prêmio Nobel da Paz significa, em dinheiro, 10 milhões de coroas suecas. Isto dá cerca de 1,5 milhão de dólares ou três milhões de Reais. Como o Prêmio foi dividido entre AL Gore e os 2.500 cientistas do IPCC, cada um ficará com US$ 750 mil. O prêmio de Gore será doado para a Ong Aliança para a Proteção Climática. O Brasil também pode se considerar um pequeno participante do prêmio, pois dos 2.500 cientistas do IPCC, 25 são brasileiros e devem receber algo em torno de 7.500 dólares. Pelas contas dos organizadores  cada cientista do IPCC vai receber uns 300 dólares.

Na edição 175, março 2007, a Folha do Meio Ambiente
anteviu a premiação do Prêmio Nobel da Paz para Al Gore