Iniciativas que podem salvar – ciência ajuda na reprodução
25 de dezembro de 2007Pesquisas de von Ihering
Técnicos brasileiros passaram a usar a tecnologia da desova,
além da coleta e congelamento de sêmen dos machos.
Mas ainda há esperança. Experiências com duas outras espécies de piracema nativas de bacias do Centro Sul e Sudeste, o dourado e a piracanjuba, podem ajudar a salvar os peixes da Amazônia. É que no passado, mais precisamente em 1975, um projeto pioneiro no Brasil salvou o dourado da extinção e outra iniciativa mais recente está trazendo a pirancanjuba de volta à bacia do rio Grande. Essas histórias merecem ser conhecidas. Elas podem ser a “tábua de salvação” da majestade da bacia Amazônica, a piraíba. E de tantos outros “súditos”.
O protagonista da primeira façanha é o ambientalista e engenheiro Johan Dalgas Frisch. Dalgas é um dos fundadores da Associação de Proteção da Vida Selvagem – APVS, uma ONG criada em 1965 para estudar e propor soluções para as mudanças que, meio século atrás, seus fundadores já consideravam “violentas” em nosso meio ambiente.
Personalidades como o jornalista Assis Chateaubriand (Diários Associados), o banqueiro Amador Aguiar (Grupo Bradesco), Rogério Marinho (O Globo) e Omar Fontana (Sadia e Transbrasil) foram alguns dos presidentes e dirigentes da APVS, hoje sob o comando de Dalgas Frisch. Jornais da época ajudam a resgatar as ações pioneiras e principais feitos da entidade.
Em 1974, a APVS, na qual Dalgas Frisch era então diretor-executivo, foi a primeira voz a gritar em favor do dourado, da família dos salmonídeos, maior peixe da bacia do rio Paraná.
Um exemplar pode atingir mais de 1 metro de comprimento. A espécie é ideal para a pesca esportiva, por suas belas cores e combatividade, além de ter carne muito saborosa. Os valentes dourados, naquela época ameaçados de extinção, travavam sangrento combate contra espécies exóticas carnívoras que infestavam os rios do Sul e Sudeste até a bacia do Prata, como a agressiva tilápia africana e as carpas da Ásia.
Essas espécies alienígenas foram introduzidas nos rios da região sem qualquer critério pelos próprios técnicos das hidroelétricas. A preocupação era apenas a de repovoar os reservatórios com peixes resistentes ao habitat radicalmente modificado.