8 D. Cappio volta à greve de fome

18 de dezembro de 2007

“Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho”

 

O bispo dom Luiz Cappio voltou à Capela de São Francisco, em Sobradinho (556km de
Salvador), para fazer o que prometeu: greve de fome. E  avisou: só deixo o jejum depois da retirada do Exército do canteiro de obras dos
eixos Norte-Leste e arquivamento definitivo do projeto de desvio das águas do rio São Francisco.

Para D. Luiz Cappio, a questão da transposição não é apenas técnica, "mas também é um problema de ordem ecológica, econômica, social e ética". Em uma carta ao povo do Nordeste ele diz que sabe que seu gesto "causa estranheza e incompreensões a muitas pessoas, mas não culpa a ninguém, pois a maioria acha que a transposição resolve a seca (..). O que precisa é construir uma nova mentalidade a respeito da água e combater o desperdício, valorizando cada gota".
Em 9 de dezembro último, houve romaria em defesa do Velho Chico em solidariedade a dom Cappio. Havia mais de cinco mil pessoas, bastante movimentação, música e discursos. O bispo completava 13 dias em jejum.
Em 2005, o bispo D. Cappio ficou conhecido no País por ficar 11 dias em greve de fome contra a transposição.  À época, o protesto surtiu efeito e o governo decidiu suspender o projeto, embora provisoriamente. A obra também havia sido inviabilizada por meio de liminares na Justiça. Mas, como é uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento, a transposição voltou a ser tocada. Após o acordo com Lula há dois anos, Cappio disse preferir aguardar os acontecimentos e que, se o acordo não fosse cumprido, voltaria para Cabrobó para nova  greve de fome, reiniciando a luta. Cumpriu a promessa. Em 2005,  Cappio foi visitado por romeiros e fiéis e teve sua imagem reproduzida em santinhos confeccionados pela prefeitura de Barra e distribuídos em Cabrobó, trazendo a frase: “Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho.”