Apoio de Geisel – Eletrobas e Furnas buscam alternativas
25 de dezembro de 2007ACM, na Eletrobras, convoca Furnas para o desafio de repovoar barragens.
Somados os conhecimentos adquiridos no exterior e a experiência de Ihering e Koike, Dalgas Frisch não teve dúvida: buscou o apoio do então presidente general Ernesto Geisel e de seu ministro das Minas e Energia, Shigeak Ueki.
O objetivo era implantar, pouco a pouco e em todas as hidroelétricas do País, um sistema adequado de repovoamento e de reprodução artificial de peixes de piracema, começando pelo combativo dourado. Geisel surpreendeu Dalgas Frisch ao receber com entusiasmo a proposta da APVS, convocando de pronto o então titular da Eletrobras, Antonio Carlos Magalhães, para mobilizar os dirigentes das hidroelétricas brasileiras em torno da iniciativa.
De imediato, Furnas, em Minas Gerais, aceitou o desafio. O fato virou matéria na edição do Jornal do Brasil de 23.02.76, sob a sugestiva chamada “As douradas fazendas aquáticas”, bem como em duas edições da Folha de S. Paulo, de 12 de abril de 1976, cuja manchete foi: “O nosso dourado será salvo pela tecnologia” e em 12.06, “Vida Selvagem criará dourado em cativeiro”.
Almoço solene na TV Globo, no Rio, comemorou o sucesso do projeto. Na foto: Comandanate Omar Fontana, então presidente da Transbrasil e da APVS, o presidente da Eletrobras, Antonio Carlos Magalhães, o ministro das Minas e Energia, Shigeaki Ueki, Amador Aguiar, do Bradesco, o presidente de Itaipu, Costa Cavalcanti, e o ambientalista Johan Dalgas Frisch.
Chega a primeira “safra”
A APVS importou do Japão 600 diferentes tipos de hormônios naturais para que o agrônomo Koike iniciasse os testes de laboratório. Depois de muitas tentativas, o especialista em piscicultura descobriu o tipo e dosagem certa de hormônio.
A primeira reprodução artificial foi realizada e devolveu aos reservatórios de Furnas 500 douradinhos. A “safra” foi comemorada e um relato do experimento e um plano de manejo em larga escala foram entregues a Geisel. (Ver matérias dos jornais da época na página nº 19)
Congelamento de sêmen
Paralelamente eram realizadas, com apoio financeiro da Pecplan Bradesco S.A experimentos para congelamento do sêmen do dourado, visando o estabelecimento de um banco da substância para a fecundação de grandes quan-tidades de ovos.
Para efeito comparativo convém lembrar que uma tilápia, ao desovar, produz aproximadamente 400 ovos, uma truta, cerca de 3 mil ovos e uma fêmea de dourado de 18 quilos quase 2 milhões de ovos. Em 1980, novo relatório é produzido e encaminhado ao então presidente João Baptista Figueiredo. Entre as novas conquistas comunicadas por Dalgas Frisch estava a desova e fecundação induzidas de uma nova espécie, a curimbatá, trabalho realizado pela APVS em conjunto com a Cesp, na estação de piscicultura de Juquiá, interior de São Paulo.
“O dourado caracteriza-se por ser um dos peixes que produzem maior número de ovos na natureza. Sendo sua reprodução incrementada por processos artificiais, poderá tornar-se um dos maiores produtores de proteína para consumo humano. Dominadas as técnicas para obtenção desses resultados, pode-se afirmar que o dourado será para águas tropicais o que o salmão representa para as águas frias do Hemisfério Norte”.
Trecho do documento da APVS que Dalgas mandou para o presidente Geisel