Projeto para Lula e Dilma aplicarem nas novas barragens
25 de dezembro de 2007O projeto de repovoamento precisa estar presente nas novas barragens de todos os projetos hidroelétricos
Com a certeza de que os melhores frutos do passado podem continuar florescendo no presente, Johan Dalgas Frisch vai encaminhar um documento ao presidente Lula, à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e ao senador José Sarney no sentido de que o governo inclua nos editais de licitação das novas hidroelétricas a obrigação do repovoamento de peixes nativos nas barragens.
“O importante – diz Dalgas – é que as concessionárias mantenham projetos efetivos e transparentes voltados para a sobrevivência e reprodução, natural e induzida, da ictiofauna nativa”. “E mais – diz o ambientalista – é preciso ter indicadores de desempenho e programas de monitoramento de forma que tanto a imprensa como a opinião pública tenham acesso facilitado”.
Hoje, o parque gerador de Rondônia conta com uma oferta de aproximadamente 800 MW. Com a construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, serão mais 6.450 MW colocados no mercado. (Veja nota ao lado sobre projetos na Amazônia)
Com responsabilidade
Com a construção de linhas de transmissão para o Acre, Amazonas e Norte do Mato Grosso será possível interligar o sistema elétrico brasileiro. Para o presidente Lula, “essas obras precisam sair porque o Brasil precisa delas e vão sair com uma responsabilidade de um País que quer crescer economicamente”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que para a construção serão observadas as responsabilidades ambientais. “Para construir uma hidroelétrica desse porte precisamos ter duas responsabilidades. Uma em fazê-la. E outra responsabilidade em fazê-la respeitando todas as regras sociais e do meio ambiente”, frisou o presidente.
Exploração hidroelétrica na Amazônia
As usinas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, não são apenas grandes projetos de engenharia e arquitetura. Segundo o presidente de Furnas, João Paulo Conde, a construção das Usinas do Madeira faz parte de um grande projeto para o desenvolvimento sustentável da região, integração nacional e para a melhoria de vida das populações de Rondônia, Acre, Amazonas e Mato Grosso. Os estudos para a construção das usinas hidrelétricas começaram a ser realizados em 2001, por Furnas, ao longo dos 260 km do rio Madeira, entre Porto Velho e Abunã, no estado de Rondônia. Juntas, Santo Antônio e Jirau vão gerar mais energia para todo o País. Um projeto de aproveitamento múltiplo que amplia a navegação em todo o rio Madeira, de embarcações de maior calado entre Porto Velho e Abunã, possibilitará o incremento da agroindústria e do ecoturismo, integrando as redes fluviais entre Brasil, Bolívia e Peru.
Geração hidroelétrica na Amazônia
O projeto, até aqui, é a maior obra do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Uma obra de R$ 9,5 bilhões. Mas as projeções oficiais indicam a exploração de pelo menos 43 mil MW na região amazônica para a próxima década, o que corresponde a três usinas de Itaipu. São eles: Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (6.450 MW); Belo Monte , no rio Xingu (11.000 MW); Marabá, no rio Tocantins (2.160); e São Luiz, no rio Tapajós (9.000 MW).
Ainda existem mais cinco rios sob estudo de inventário: rio Trombetas (PA) com potência prevista para 3.000 MW; rio Sucunduri (AM) 650 MW; rio Aripuanã (RO) com 3.000 MW; rio Branco (RR) com 2.000 MW; e rio Juruena (MT) com 5.000 MW.
ONGs ambientalistas, como o Instituto Socioambiental (ISA) e o Greenpeace, dizem que não será fácil implantar todos estes projetos. Antecipam que vão pressionar o governo para uma série de cobranças quanto ao licenciamento ambiental.
Leia na próxima edição da Folha do Meio a segunda parte da reportagem da série SOS Peixes do Brasil, sobre Programa Peixe Vivo da Cemig.