Falando muito sério…
24 de março de 2008Erudição e poesia no voto do relator
Ministro Carlos Ayres Britto, do STF, citou Aristóteles, fez poesia, lembrou Tom Zé e até teses de santos católicos para dar seu voto holístico e histórico.
“Embrião não é a interrupção de uma gravidez humana. Não há mulher que engravida a distância, por controle remoto”.
“O embrião, ou zigoto, é embrião, o feto é feto e a pessoa humana é a pessoa humana”.
“Deus fecunda a madrugada para o parto do sol, mas nem a madrugada é o sol, nem o sol é a madrugada”.
“A vida não existe sem a mulher, por maiores e mais surpreendentes que sejam os avanços científicos”.
Diferenciando o estágio do embrião e do feto
“Tal como se dá entre a planta e a semente, a chuva e a nuvem, a borboleta e a crisálida , a crisálida e a lagarta, ninguém afirma que a semente seja a planta, a nuvem a chuva, a lagarta a crisálida, a crisálida a borboleta!”
“O feto para continuar vivo precisa da vida da gestante. Não subsiste por conta própria. Cresce dentro de um corpo que também cresce com ele. Pulsa em par com outra pulsação e respira igualmente a dois. Não sabe o que é solidão, porque desmente a lei da física de que dois corpos não podem ocupar ao mesmo tempo o mesmo espaço (…)”
“Para que o embrião se transforme em feto e o feto numa pessoa humana, ele precisa estar dentro de uma mulher. Mas um dentro tão misteriosamente incomensurável quanto intimista, que ser voluntariamente mãe é esse dom de fazer o seu ventre do tamanho do mundo e no entanto colocar esse mundo na palma de sua mão”.