Protestos em Brasília

24 de abril de 2008

Porém os índios, vindos de todos os pontos do país,  acampados em ocas improvisadas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, anunciaram que continuarão pressionando o Supremo para que os ministros tornem sem efeito a decisão.Cerca de 700 indígenas e suas lideranças participaram do evento Abril Indígena, realizado pela terceira vez em Brasília, no âmbito das… Ver artigo

Porém os índios, vindos de todos os pontos do país,  acampados em ocas improvisadas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, anunciaram que continuarão pressionando o Supremo para que os ministros tornem sem efeito a decisão.
Cerca de 700 indígenas e suas lideranças participaram do evento Abril Indígena, realizado pela terceira vez em Brasília, no âmbito das comemorações do Dia do Índio, quando discutiram as principais reivindicações de seus povos, inclusive as tradicionais, associadas à melhoria da saúde e da educação e o combate à desnutrição que afeta sobretudo as crianças.
Em relação à Raposa Serra do Sol, os índios temem que o Supremo aprove uma revisão do processo de demarcação, substituindo a área contínua ( a demarcação em Raposa Serra do Sol tem uma área contínua de 1,7 milhão de quilômetros quadrados) por áreas descontínuas e separadas, onde seriam localizadas as tribos, reservando-se as outras terras áreas à exploração econômica.
Perante o STF, o governo de Roraima reclamou que 46% das terras do Estado são ocupadas por reservas, que passam ao controle da União, e que, em conseqüência, o território do Estado vem encolhendo, argumento aparentemente considerado pelo tribunal.
A professora uapixana Pierlângela Nascimento da Cunha, coordenadora da Organização dos Professores Indígenas de Roraima, diz que o clima na área demarcada é de tensão e deseja, junto com outras lideranças, explicar pessoalmente aos ministros do Supremo a importância de manter a reserva, tal como demarcada, em poder dos índios.


Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr


Cacique Davi kopenawa Yanomami entrega documento em protesto contra as ações da Comissão Especial


 


Orlando Vilas-Boas: “E o homem branco está sempre destruindo a cultura indígena: quando não é para salvar sua alma, é para roubar a sua terra”. 


 


 


 


 


Um ano ruim para os índios


Relatório divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário, ligado à  CNBB, mostra que 2007 não foi um ano bom para os índios. Os assassinatos chegaram a 92, contra 57 no ano anterior, com um aumento de 64%, recorde em muitos anos. No ano passado foram registradas 53 ameaças de morte a índios ( 27 em 2006), embora o número de suicídios tenha diminuído ( 28 em 2007, contra 33 em 2006).


Porém os dados sobre índios subnutridos foram os que mais chamaram a atenção das lideranças no Congresso: 491 índios foram vítimas da subnutrição, comparados com 99 em 2006, fato que levou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados a recomendar ao governo uma atenção especial às áreas indígenas onde é maior o problema.
O relatório do CIMI denuncia que os índios estão sendo vítimas da poluição causada pelas grandes plantações de cana, soja e milho, cujos agrotóxicos contaminam o lençol freático, pondo em risco a qualidade da água consumida pelas tribos. O trabalho escravo ou degradante, imposto aos índios pelos produtores rurais, também é denunciado pelo relatório do CIMI, ao indicar que, em março do ano passado, 150 índios que trabalhavam na Destilaria Centro Oeste Iguatemi foram libertados por fiscais da Delegacia Regional do Trabalho /MS. Em novembro do mesmo ano, a fiscalização do Ministério do Trabalho descobriu mais de mil índios  pertencentes à comunidade dos Guarani Kaoiwá, que trabalhavam também em condições degradantes na Usina Debrasa. Três fatores estimulam a procura dos índios pelo trabalho nos canaviais que tomam contra do Centro-Oeste, segundo o documento: a superpopulação nas aldeias; a falta de terras para o desempenho das tradicionais atividades agrícolas e o desemprego nas cidades próximas onde residem os índios. (ML)