Médio Xingu, Ituxi e Mapinguari
19 de junho de 2008Novas Unidades de Conservação e novas diretrizes para o Plano Nacional sobre Mudança do Clima
Fotos: Roosewelt Pinheiro/ABr
Presidente Lula e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante cerimônia de assinatura de decreto criando três unidades de conservação na Amazônia Legal
O governo federal quer implantar três Unidades de Conservação: a Reserva Extrativista do Médio Xingu, a Reserva Extrativista de Ituxi e o Parque Nacional do Mapinguari, todas na Amazônia.
O projeto de lei sobre mudanças do clima fixa objetivos, princípios, diretrizes e instrumentos e norteará o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, bem como outros planos, programas, projetos e ações relacionados, direta ou indiretamente, à mudança do clima, que sejam implementados nos três níveis da federação.
O texto final foi resultado do trabalho do Grupo Executivo, coordenado pelo MMA e composto por outros seis ministérios, além do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e da Casa Civil. Esse grupo realizou dez reuniões para elaborar o documento que foi, posteriormente, enviado e aprovado pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), formado por 16 ministérios e pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, coordenados pela Casa Civil. Tanto o Grupo de Trabalho quanto o Comitê Interministerial foram criados por decreto presidencial em novembro de 2007.
O presidente Lula, durante a solenidade no Palácio do Planalto, afirmou: “Queremos partilhar com a humanidade, queremos que todos respirem o ar verde produzido pelas nossas florestas”.
O presidente disse acreditar que, em maneira de preservação ambiental, não existe no mundo um exemplo como o Brasil. “A Europa, por exemplo, só tem 0,3% da sua floresta nativa em pé.
O Brasil ainda tem 69%”, acrescentou. O presidente defendeu punição mais rígida para as pessoas que fazem queimadas na Amazônia.
Fundo de proteção
O ministro Carlos Minc destacou a criação do grupo de trabalho interministerial que irá acertar os detalhes do Fundo de Proteção e Conservação da Amazônia. Ele disse que, embora vá receber doações nacionais e internacionais, o fundo será soberano.
“O Fundo será 100% autônomo e vai permitir aplicar centenas de milhares de dólares na região”, disse, acrescentando que os doadores não terão assento na administração do fundo e, portanto, não poderão interferir em qualquer decisão.
No prazo de um mês, Carlos Minc espera estar pronta a proposta de criação do Fundo de Proteção e Conservação da Amazônia. Segundo o ministro, a idéia é captar recursos de forma autônoma que serão gerenciados pelo BNDES. Minc também adiantou que nos próximos dias se reunirá com os produtores de óleo vegetal para reforçar a declaração de moratória por mais um ano contra aqueles que adquirem soja plantada em áreas de desmatamento.
“Não se comprará soja oriunda do desmatamento da Amazônia”, disse. Ele lembrou, ainda, que no dia 1º de julho será colocada em vigor a decisão do Conselho Monetário Nacional que limita a concessão de créditos para os proprietários que utilizam de forma irregular a terra. Segundo o ministro Minc, a medida não será flexibilizada apesar da pressão que o governo federal recebeu.
Mudança do clima
Carlos Minc, Lula e Dilma cumprimentam o presidente
da Associação dos Moradores do Médio Xingu
O Projeto de Lei que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima, encaminhado nesta quinta-feira pelo presidente Lula ao Congresso Nacional, norteará o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, bem como outros programas, projetos e ações relacionados, direta ou indiretamente, à mudança do clima, que sejam implementados nos três níveis da federação.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o PL será discutido e aperfeiçoado nas comissões do Congresso, onde já tramitam outros projetos nesta área, que precisarão ser integrados à proposta do governo. “O PL é muito importante porque cria mecanismos para que tenhamos periodicamente inventário de emissões, incentivos a tecnologias limpas e medidas de adaptação e de mitigação”, acrescentou.
O texto é resultado do trabalho do Grupo Executivo, coordenado pelo MMA e composto por outros seis ministérios, além do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e da Casa Civil.
Esse grupo realizou dez reuniões para elaborar o documento que foi, posteriormente, enviado e aprovado pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), formado por 16 ministérios e pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, coordenados pela Casa Civil. Tanto o Grupo de Trabalho quanto o Comitê Interministerial foram criados por decreto presidencial em novembro de 2007.
De acordo com a proposta de PL, a Política Nacional sobre Mudança do Clima tem dois objetivos: um, reduzir as emissões reduzir as emissões de fontes de gases de efeito estufa decorrentes da atividade humana e fortalecer as remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa no território nacional.
Outro, definir e implementar medidas para promover a adaptação à mudança do clima das comunidades locais, dos municípios, estados, regiões e de setores econômicos e sociais, em particular aqueles especialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos.
Esses objetivos deverão estar em consonância com o desenvolvimento sustentável e buscar, sempre que possível, o crescimento econômico, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais. A Política Nacional será implementada pelo Plano Nacional sobre Mudança do Clima, por meio de ações e medidas que objetivem a mitigação da mudança do clima e a adaptação aos seus efeitos.
O Plano deverá ser estruturado com base em quatro eixos: mitigação, vulnerabilidade, impacto e adaptação; pesquisa e desenvolvimento; e capacitação e divulgação. Para elaboração do Plano serão realizadas consultas públicas para manifestação dos movimentos sociais, das instituições científicas e de todos os demais agentes interessados no tema, com a finalidade de promover a transparência do processo de elaboração e de implementação do Plano. Tanto o Plano quanto a Política Nacional sobre Mudança do Clima vêm se somar aos esforços que o governo brasileiro vem desenvolvendo para mitigar as emissões dos gases de efeito estufa, como o Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento, que envolve 13 ministérios e resultou na redução de 59% na taxa de desmatamento de 2004 a 2007. Esse trabalho evitou a emissão de cerca de meio bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera no período e equivalente a 14% das reduções preconizadas para todos os países desenvolvidos no primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto que se estende de 2008 a 2012.
Novas ucS
As reservas extrativistas do Rio Xingu, no Pará, e de Ituxi, no Amazonas, e o Parque Nacional de Mapinguari, também no Amazonas, somam uma área total de 26.532 Km2 e fecham um “cinturão verde” que, além de proteger a biodiversidade dentro de seus limites, devem conter o avanço da fronteira agrícola dentro do bioma Amazônia. Com as novas unidades, a Amazônia passa a ter 610.819 Km2 de áreas protegidas, o que representa 14% do bioma.
Ao anunciar a criação das novas unidades de conservação, Minc observou que elas representam duas vezes e meio a área desmatada no bioma no ano passado. “Temos que correr atrás do prejuízo: diminuir o desmatamento e preservar mais do que aquilo que se desmata”.
Entre os convidados na solenidade de assinatura do decreto, no Palácio Planalto, representantes das comunidades que vivem nas áreas das Resex. Falando em nome delas, o presidente da Associação de Moradores do Médio Xingu, Herculano Costa da Silva, falou do significado da medida, que, garantindo a proteção das áreas, garantem também o trabalho das famílias que vivem da extração dos produtos florestais e estavam ameaçados pelo avanço da desmatamento.
Rerserva Extrativista do Rio Xingu
Tem 3.038 km2 e está localizada em Altamira, no Pará, uma das regiões mais conflituosas do estado em função da ação de grileiros. Abrange áreas de floresta densa, floresta aberta e savana. Habitam na área, hoje, cerca de 50 famílias, com um total de 250 habitantes que vivem tradicionalmente do extrativismo. Os produtos florestais mais explorados na área são a castanha-do-pará, os óleos de copaíba e andiroba, o babaçu e outros produtos vegetais não-madeireiros, como frutos (patoá, bacaba, açaí, uxi), cipós (timbó), e plantas medicinais.
Reserva Extrativista Ituxi – Localizada no município de Lábrea, no Amazonas, a Resex tem uma área aproximada de 7.769 km2 cobertos de florestas de terra firme, várzea, roçados e capoeiras, que apesar de serem geograficamente próximas apresentam características muito peculiares e extrema riqueza biológica. A população da Resex é de aproximadamente 500 habitantes, organizados em 20 comunidades extrativistas. As famílias vivem da extração de frutos, óleos e outros produtos vegetais sazonais tais como a castanha, andiroba, borracha natural, copaíba, açaí, uxi e alguns cipós. A pesca tradicional nos lagos e igapós da região também é importante fonte de renda e subsistência da comunidade.
Parque do Mapinguari – Tem uma área de 15.724 km2 localizado nos municípios de Canutama e Lábrea, no Amazonas. Está destinado a preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, com destaque para importantes encraves de savana entre os vales dos rios Purus e Madeira. É uma área de grande heterogeneidade ambiental, apresenta diversos ecossistemas isolados e únicos que com grande potencial para a pesquisa científica e visitação pública, com programas de educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.
Os limites do Parque Nacional Mapinguari excluem as faixas de servidão do gasoduto Urucu-Porto Velho e seus futuros ramais. Também será permitida a navegação de embarcações pelos rios Açuã e Mucuim, que cortam o Parque.