Presidente do Instituto Chico Mendes será escolhido em lista quíntupla

19 de junho de 2008

Solução encontrada pelo ministro Carlos Minc é para escapar

Qual seria o problema do qual Carlos Minc quer se livrar ao planejar método tão intrincado? Do lobby de parlamentares e ambientalistas aguerridos. A revelação foi feita, de modo reservado, por assessores próximos ao ministro. Segundo a assessoria, o ministro não agüenta passar pelas mesmas pressões a que vinha sendo submetida a ex-ministra Marina Silva.
Vale lembrar que o lobby é uma ferramenta legítima, todos têm direito de defender seu ponto de vista. Criado em agosto de 2007 por Marina, até hoje o Instituto não teve um presidente de fato.
João Paulo Capobianco acumulou o cargo com o de secretário-executivo do MMA, saiu de ambos. Interinamente está no comando do ICMBio a ambientalista Clarice Santos Soares.
Escolha impessoal
Minc anunciou a novidade durante a solenidade de posse conjunta da nova secretária-executiva do MMA, Izabela Mônica Teixeira, e do novo presidente do Ibama Roberto Messias Franco.  Segundo o próprio, “será uma escolha impessoal. Cada um vai apresentar um programa de trabalho e o melhor será escolhido”.
O ministro  disse também que, antes de optar por essa solução, ouviu figuras importantes da área ambiental, como a ex-ministra Marina Silva e os ambientalistas Paulo Nogueira Neto e de Fábio Feldman, atual secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. “Todos concordaram que essa é a melhor maneira de escolher o futuro presidente do Instituto Chico Mendes que, na verdade, será o primeiro presidente efetivo do Instituto”, declarou.
O ministro citou dois nomes de peso da área ambiental, o ícone Paulo Nogueira Neto e o ex-deputado Fábio Feldman, respeitados no cenário internacional, para mostrar que sua proposta tem credibilidade e evitar cenas de protesto. Minc não deseja que grupos ambientalistas voltem a “sugerir nomes de afilhados”- como disse um assessor, para ocupar a presidência do Chico Mendes.
Em reunião com o ministro Minc, antes mesmo da posse, o deputado Sarney Filho (PV/MA), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, disse que “nós estamos dispostos a ajudar e ele prometeu não ceder em relação aos licenciamentos ambientais embora defenda a agilidade nas concessões”. Procurado pela reportagem da Folha do Meio para comentar sobre a lista quíntupla, Sarney Filho preferiu não falar. Nos bastidores, especula-se que não tenha ficado satisfeito com a novidade. Ainda sem uma estrutura bem definida, nem a missão, metas e visão do futuro, o ICMBio carece de planejamento e de recursos humanos.
Para tentar organizar um pouco a casa, a empresa Publix, especializada em inovação da gestão, foi contratada pelo MMA para encontrar a personalidade do Instituto. A Publix tem na sua carteira de clientes os governos do Distrito Federal, de Minas Gerais, de Alagoas, de Angola, do Paraguai, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros.


História e missões
do Instituto

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade foi criado pela lei 11.156, de 28 de agosto de 2007 no âmbito de um grande reforma estrutural do Ministério do Meio Ambiente, promovida pela então ministra Marina Silva e que provocou uma paralisação de protesto de cerca de dois meses dos servidores do Ibama.  O Instituto é uma autarquia vinculada ao ministério e integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente. A sua principal missão institucional é administrar as unidades de conservação (UCs) federais, que são áreas de importante valor ecológico. Cabe ao Instituto executar as ações da política nacional de unidades de conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as UCs instituídas pela União.
A instituição tem também a função de executar as políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação. As suas outras missões institucionais são fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação federais.